sábado, 24 de outubro de 2009

Beato Luis Guanella, Presbítero, 24 de Outubro



Luís Guanella nasceu em Fraciscio de Campodolcino, no Vale São Tiago (Província de Sondrio, Itália) aos 19 de dezembro de 1842. Faleceu em Como no dia 24 de outubro de 1915.
Seu vale e a localidade onde nasceu - 1350 m. acima do nível do mar - fazem parte dos Alpes. Desde a antigüidade, diferentes comunidades ali se estabeleceram. A vida não era fácil. Com muita dificuldade conseguiam sobreviver com os recursos provenientes da agricultura alpina e da criação de animais. Até o ano 1800 a sua história, economia e estrutura social são marcadas pela posição geográfica do vale fechado em ambos os lados por duas cadeias de montes altíssimos. Mesmo assim era sujeito a invasões periódicas. O vale constituía o caminho mais curto entre o sul e o norte dos Alpes centrais. Os moradores gozavam de alguns privilégios, particularmente de uma certa liberdade, com a ressalva que não criassem obstáculos para as comunicações comerciais ou militares. Orgulhosos desta liberdade eram católicos fervorosos, contrastando com o limítrofe Canton Grigioni, da Suíça, que abraçara a Reforma. Seu modo de viver caracterizava-se pela pobreza, dedicando-se aos trabalhos mais árduos para garantir a sobrevivência. Isso possibilitou a Guanella a assimilação de diversas qualidades: o hábito de uma vida sacrificada e laboriosa, a autonomia, a paciência e a firmeza nas decisões, associada a uma grande fé.
Estas qualidades fortaleceram-se na família. Seu pai, prefeito de Campolcino durante o governo austríaco e após a unificação (1859) era um homem severo e autoritário. A mãe, Maria Bianchi, era meiga e paciente. O casal teve 13 filhos. Quase todos chegaram à idade adulta.
Aos 12 anos, Luís conseguiu um vaga gratuita no Colégio Gallio em Como. Depois deu continuidade aos estudos nos seminários diocesanos (1854-1866). Sua formação cultural e espiritual identifica-se com a dos seminários da Lombardia e do Veneto. Por muito tempo estas regiões estiveram sob o domínio de governantes austríacos. O conteúdo cultural do curso teológico deixava a desejar. Em contrapartida priorizava os aspectos práticos e pastorais: teologia moral, ritos, pregação... e a formação pessoal: piedade, santidade, fidelidade. A vida cristã e sacerdotal hauria e se alimentava da devoção comum de todos os fiéis. Essa impostação concreta colocou o jovem seminarista e sacerdote muito próximo ao povo e em contato com o seu modo de viver. Quanto retornava a Frascicio por ocasião das férias de outono, dedicava-se totalmente à pobreza nos vales alpinos. Interessava-se pelas crianças, pelos idosos e doentes da sua localidade. Passava os meses prontificando-se em atendê-los. No tempo que sobrava, apaixonava-se pela questão social, recolhia e analisava ervas medicinais e se entusiasmava com a leitura da história da Igreja. No seminário teológico estabeleceu laços de amizade com Bernadino Frascolla, bispo de Foggia, que estava preso e depois submetido a domicílio forçado no seminário (1864-1866). Através deste fato, Guanella se inteirou da hostilidade existente entre o Estado e a Igreja. E foi justamente este bispo, acima citado, quem ordenou Guanella sacerdote aos 26 de maio de 1866.
Iniciou com entusiasmo a vida pastoral em Valchiavenna (Prosto, 1866 e Savogno, de 1867 a 1875). Após uma permanência de três anos com os salesianos, transferiu-se para a Paróquia de Traona, na Valtellina (1878-1881). Em seguida, por alguns meses esteve na localidade de Olmo e por último em Pianello Lario, Como (1881-1890).
Desde o início, em Savogno, revelou suas prioridades pastorais: a instrução dos jovens e dos adultos, a elevação religiosa, moral e social de seus paroquianos, defendendo o povo dos assaltos do liberalismo e com privilegiada atenção para os mais pobres. Quando necessário não deixava de intervir fortemente quando as autoridades civis se opunham ao exercício de seu ministério. Com isso não demorou muito para ser catalogado entre o rol dos indivíduos perigosos ("lei dos suspeitos"). Isso de modo especial a partir do momento em que publicou um opúsculo polêmico sobre orientações familiares. Foi em 1872. Enquanto isso, em Savogno aprofundava o conhecimento de don Bosco e da Instituição do Cotolengo. Chegou a convidar don Bosco para que fundasse un colégio no vale. Mas como o projeto não pôde ser efetivado, Guanella obteve a permissão de permanecer, por algum tempo, com dom Bosco. A pedido do Bispo, retornou à diocese, sendo destinado para Traona. Ali fundou um colégio segundo os moldes salesianos. Mas também aqui encontrou forte oposição. O mesmo que aconteceu em Savogno. Por isso obrigaram-no a fechar o colégio. Não podendo mais agir, com obediência heróica colocou-se à disposição do bispo. Este o enviou a Pianello, onde pode dedicar-se à assistência dos pobres. Ali já existia uma creche fundada por seu predecessor, don Carlos Coppini, onde trabalhavam algumas ursulinas. Trabalho em conjunto com elas fundou a Congregação das Irmãs Filhas de Santa Maria da Providência. Com elas fundou a Casa da Divina Providência em Como (1866), contando com a colaboração da Irmã Marcelina Bosatta e da bem-aventurada Clara, sua irmã. A Casa desenvolveu-se rapidamente. Ampliou a assistência, seja na parte feminina como na masculina (congregação dos Servos da Caridade), abençoada e mantida pelo Bispo Andrea Ferrari. Não demorou para a Obra expandir-se em outros lugares, além da cidade de Como. Em 1891 foi para as Províncias de Milão. Dois anos mais tarde, em 1893 iniciou suas atividades em Pavia, Sondrio, Rovigo, Roma. E não parou ali. Em 1912 foi para Consenza, para a Suíça e para os Estados Unidos. Na ocasião contava com a proteção e a amizade do Papa São Pio X. Na Obra masculina teve exímios colaboradores na pessoa de don Aurélio Bacciarini e de don Leonardo Mazzucchi. Bacciarini, mais tarde, foi designado Bispo de Lugano, na Suíça.
As Instituições e os objetivos que cativaram Guanella (e que o impediram de permanecer com don Bosco são aqueles específicos da sua terra natal. Havia muitas pessoas necessitadas: crianças e jovens, anciãos abandonados, marginalizados e deficientes mentais (incluindo, também, cegos, surdo-mudos e aleijados): toda a faixa intermediária entre os jovens de don Bosco e as pessoas incapacitadas do Cotolengo, em condições de uma recuperação: um terreno duro e árido como a sua terra natal, mas que, trabalhado com amor (nas escolas, laboratórios e colônias agrícolas) podem produzir frutos inesperados.

Bibliografia
Escritos
L. GUANELLA, “Os caminhos da Providência” (“Le vie della Provvidenza”), Roma, 1988.
L.GUANELLA, “Opere”, Roma 1988 (vol. I, II/1, II/2, IV).

Biografias
L. MAZZUCCHI, “La vita, do spirito e e le opere di don L. G.”, Como 1920. TAMBORINI G. PREATONI, “Il Servo della Carità B. L. G.” Milano 1964. V. LUCARELLI, “Un contemporaneo affascinante D. G.”, Milano 1991.

Aprofundamentos
A. BERIA, L. G. “Pagine spirituali e preghiere”, Brescia, 1957. P. PASQUALI, “G. L., in DIP”, Edizioni Paoline 1977, vol. IV, pp.1458-1461. AA.VV, “I tempi e la vita don G., ricerche biografiche”, Roma 1990. M.L. OLIVA, “L. G. “gli anni di Savogno” 1867-1875”, Roma 1991. M. CARROZZINO, “Don G. e Don Bosco, storia di un incontro e di un confronto”, Roma 1989. AA.VV. “La spiritualità di Don Luigi Guanella”. “Ricerche tematiche”, a cura di ª Dieguez, Roma 992. P. PELLEGRINI, “Don Guanella inedito, (a cura di º Minetti ª Dieguez)", Roma 1993.
CONGREGAÇÃO DOS SERVOS DA CARIDADE - OBRA DON GUANELLA

Ver também: Santo Antônio Maria Claret

Fontes:

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