sábado, 22 de maio de 2010

Santa Jeanne-Antide Thouret (+ 1826), 23 de Maio – Solenidade de Pentecostes

Jeanne-Antide Thouret nasceu em 27 de novembro de 1765, em Sancey-le-Long, em Franche-Comté (França), numa família muito cristã que teve nove filhos. Seus pais eram agricultores. Quando Jeanne estava com quinze anos, perdeu a mãe. A partir daí, a jovem tornou-se a educadora de seus irmãos e irmãs e a responsável pela casa, da qual cuidaria devotadamente. Ainda que a família vivesse numa grande pobreza, a mocinha, que era muito caridosa, sempre encontrava um modo de ajudar aos mais necessitados que ela e sua família. Por volta dos seus dezessete anos, Jeanne soube pelo pai que um jovem rico queria se casar com ela. Sem hesitar, ela respondeu ao pai que recusaria até mesmo a mão de um rei.
Após cinco longos anos de espera, Jeanne conseguiu enfim vencer os obstáculos que a impediam de seguir sua vocação religiosa. Acolhida na casa-mãe das Filhas da Caridade, no Dia de Todos os Santos de 1787, foi recebida no dia seguinte pela Superiora Geral, a venerável Madre Dubois. Onze meses depois de chegar à congregação, Jeanne recebeu o hábito das Filhas da Caridade, sendo enviada a trabalhar sucessivamente no hospital de Langres, depois em Paris, onde dispensou seus cuidados maternais aos pacientes terminais. A Revolução Francesa já havia começado. Como a maior parte de suas companheiras, permanecendo a serviço dos doentes, Irmã Thouret recusou-se a reconhecer o clero cismático (Constituição Civil do Clero, à qual o clero deveria prestar juramento; caso contrário, os religiosos seriam considerados “refratários” e poderiam ser presos e até mesmo mortos – N.T.).
Em novembro de 1793, Jeanne teve que deixar Paris para retornar à sua terra natal, a pé, mendigando. Sua caridade, que tantas vezes foi a providência dos doentes e pobres, salvou-a mais de uma vez do furor dos revolucionários. Durante os dias do Terror, Santa Jeanne-Antide Thouret refugiou-se na Suíça. Logo que pode retornar à França, abriu uma escola em Besançon. Seu estabelecimento foi bem-sucedido desde o primeiro dia. Ao longo daquele ano de fundação, ela organizou três outras escolas na mesma cidade. Operária incansável, Jeanne também dirigia um dispensário e distribuía um sopão popular. O prefeito do local logo lhe confiou uma casa de detenção.
Sainte Jeanne-Antide Thouret deu às suas colaboradoras as Regras e o nome de Irmãs da Caridade de São Vicente de Paulo. Este título acabou gerando algumas confusões e conflitos com as Filhas da Caridade, instituídas pelo próprio São Vicente de Paulo. Então, o Cardeal Fesch decidiu que as novas religiosas se chamariam Irmãs da Caridade de Besançon. Esta comunidade logo conheceu um rápido crescimento.
Em 1810, a mãe de Napoleão Bonaparte abriu-lhes o reino de Nápoles e Murat cedeu-lhes o enorme convento-hospital Regina Coeli. Madre Thouret instalou suas companheiras naquele lugar e abriu cento e trinta casas no espaço de dez anos.
Sem a divina marca do sofrimento, teria faltado alguma coisa à santidade da fundadora. Aproveitando-se de sua longa estadia na Itália, Madre Thouret conseguiu que a Santa Sé aprovasse seu instituto sob o nome de Filhas da Caridade sob a proteção de São Vicente de Paulo. Esta mudança de nome e as alterações introduzidas nas constituições, sem qualquer acordo com o novo arcebispo de Besançon, que lhe era hostil, acabaram causando uma ruptura entre as comunidades da França e as da Itália. Na verdade, as da França propuseram-se a permanecer fiéis às primeiras constituições e se declararam autônomas sob a autoridade do Ordinário local. Santa Jeanne-Antide Thouret passou dois anos em sua pátria para tentar reunir as duas obediências (comunidades), de Besançon e de Nápoles. Não somente ela nada conseguiu como teve ainda a dor de retornar a Nápoles, após ter sua entrada negada na casa-mãe de Besançon.
Deus chamou para Si a Sua digna serva em 24 de agosto de 1826. Cem anos após sua morte, seus restos mortais foram transladados da Itália para o convento de Besançon. Suas filhas fizeram ato de solene reparação cantando o Miserere. Em 23 de maio de 1926, o Papa Pio XI declarou beata Jeanne-Antide Thouret e, em 14 de janeiro de 1934, a Igreja a elevou à honra dos altares.

Tradução e Adaptação :
Gisèle Pimentel

Ver também: São João Baptista de Rossi

Fontes:
(J.-M. Planchet, Edição 1946, pg. 403-404 - Marteau de Langle de Cary, 1959, tomo II, pg. 256-258)

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