quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Beato Honorato Kozminski de Biala Presbítero (1829-1916), 14 de Outubro

O capuchinho polonês fr. Honorato de Biala, cujo nome de batismo era Vencesalu Kozminki, fundou 17 congregações religiosas ainda atuantes e mais oito, ou talvez dez, que foram extintas ao longo dos anos. Honorato nasceu em Biala Podlaska (Polônia) no dia 16 de outubro de 1829, filho de Estevão e Laexandrina Kalh. Frei Honorato faleceu em 16 de dezembro de 1916 em Nowe-Miasto. Da família recebeu educação profundamente cristã e, após a escola básica em sua cidade, fez os estudos ginasiais em Plock.
Em 1854 inscreveu-se na Escola Superior de Belas Artes em Varsóvia onde, influenciado por ideologias iluministas e pelo ambiente ateu, perdeu a fé. Em 1846, suspeito de pertencer a uma organização política duvidosa, foi preso em Varsóvia pela polícia do Czar, onde contraiu tifo e viveu sob o terror da condenação à pena de morte, até 27 de março de 1847 quando, contra toda esperança, foi libertado. Contudo, em 15 de agosto de 1846, festa da Assunção, reencontrou a sua fé.
Em 21 de dezembro de 1948, após muito relutar em deixar sua queridíssima mãe enferma, entrou no noviciado dos capuchinhos de Luabartow. Apenas ordenado presbítero, dia 27 de dezembro de 1852, tornou-se professor de sacra eloqüência e de teologia dos clérigos capuchinhos, confessor dos hereges convertidos, conselheiro na Província, Superior por um ano no convento de Varsóvia e, nos anos 1895 a 1916, comissário geral dos capuchinhos colocados sob a dominação russa. Distinguiu-se, de maneira especial, como pregador e iluminado diretor espiritual, desde seu tempo de jovem sacerdote quando, nos anos de 1853-1864, estava empenhado em pregações nas diversas igrejas de Varsóvia. Responsável pelos membros da Ordem Terceira Secular, não se limitou a promover a vida devocional, mas os quis empenhados numa fervorosa atividade caritativa e social. Nesse tempo conheceu Sofia Truszkowska, da qual foi seu diretor espiritual. Não foi apenas alguém responsável de formar e manter grupos de homens e mulheres dedicados a rezar o rosário, mas estimulou-os a desenvolver atividades caritativas essenciais aos mais pobres.
Após a insurreição contra os russos, em janeiro de 1863, terminada desastrosamente, tendo sido condenadas à extinção todas as ordens religiosas pelo governo, fr. Honorato foi confinado primeiro no convento de Zakroczym, onde permaneceu até 1892, e depois no de Nowe-Miasto. Ele procurou salvar a fé católica e o espírito patriótico de seu povo contra as perseguições czaristas que queriam separar a igreja polonesa da igreja de Roma para inseri-la na instrumentalizada igreja ortodoxa. Os meios por ele escolhidos para a realização de seu projeto foram a devoção Mariana e a Ordem Franciscana Secular que, com a autorização do ministro geral dos capuchinhos, submeteu-se a uma reformulação radical. Uma vez que a lei civil impedia de fazer apostolado e de receber noviços (assim, as congregações religiosas iriam morrendo, aos poucos), e quem desejasse ser religioso deveria buscar o exílio em outros países, fr. Honorato proibia de deixar o país a quem lhe pedisse orientação, estimulando o fiel a viver os conselhos evangélicos na Ordem Franciscana Secular. Assim, encontravam-se na vida civil, sem hábito, sem convento, disfarçadamente. Enquanto isso, fr. Honorato estudava o Evangelho, do qual não só alimentava o espírito, mas buscava também formas de vida religiosa.
Tomou como modelo a Sagrada Família de Nazaré. O seu referencial básico, neste modelo, era a vida escondida (aos freis era vetado sair do convento) e ele procurava passar esse ideal a todos os que o procuravam. Com termos precisos, prescreveu esse projeto de vida em todas as constituições e nos diretórios dos institutos de vida consagrada que ele ia fundando para viverem no mundo. Para ele, a vida escondida não é exigência contingente imposta pelas particulares contingências sócio-políticas em que vivia a Polônia, naquele momento, mas sim um postulado do Evangelho. Por isso, escreveu: “Nestas congregações é observada a vida escondida aos olhos do mundo. Esse modo de viver a vida religiosa não é sugerida somente por motivos de prudência ou de necessidade, mas pelo empenho de imitar a vida escondida da Virgem. Esta forma, que não está sujeitada às vicissitudes das circunstâncias externas sociais e políticas, é voluntariamente escolhida por cada um porque ela é amável em si mesma, porque permite maior glória de Deus, mais fácil progresso espiritual e mais segura salvação.”
No confessionário de Zakroczim nasceram numerosos institutos ou congregações, cada uma delas buscando atingir aspectos particulares da vida: os intelectuais, os jovens, os operários da construção e dos mercados, operárias das fábricas, as domésticas, as crianças, os doentes, os artesãos, os agricultores e os lugares e atividades com os quais se podia ajudar ao próximo e influir numa vasta rede de pessoas, como as pensões e restaurantes, as livrarias e bibliotecas, as escolas, as salas de costura e as lojas de compras. Pela irradiação do apostolado dos seus religiosos, quis que cada congregação fosse formada por três tipos diversos de membros: o primeiro, formado por religiosos que, vivendo em comum, tinham a tarefa de acolher e dirigir os outros; o segundo, constituído por religiosos com votos temporários que viviam junto às próprias famílias ou em pequenos grupos, chamados os “unidos” e as “unidas”, sendo este o elemento mais dinâmico de cada congregação por ele fundada, que tinham maior possibilidade de influir sobre os demais com o apostolado ativo e com o exemplo; o terceiro grupo acolhia pessoas da OFS particularmente empenhados na colaboração apostólica. Todos estes religiosos viviam em trajes civis, e seu modo de vida foi confirmado pela Santa Sé com o decreto Ecclesia catholica, de 21 de junho de 1889.
Seja por circunstâncias históricas particulares, seja pela intuição dos sinais dos tempos que um apóstolo dos tempos modernos teve, uma dezena de institutos seculares encontraram na Igreja espaço, de direito e de fato, dos quais fr. Honorato foi o pioneiro. Mas a experiência teve duração breve, pois, por causa das recriminações e denúncias contra esta novidade na vida religiosa iniciada por fr. Honorato, fora das tradicionais formas canônicas, em 1907 foram impostas restrições que eliminaram os “unidos” e as “unidas”. O velho fundador não deixou de defender a forma de vida e de apostolado religioso que, imposta pelas circunstâncias histórico-ambientais particulares, tinham produzido muitos frutos. Ele escreveu que, do agrupamento de pessoas que se reunira ao seu redor, queria fazer um exército de confessores da fé, que tenazmente soubessem se opor à mentira do mundo, disseminando-os pelas casas e locais de trabalho em cada cidade, no silêncio e escondidos, mas em profundo e empenhado testemunho cristão em toda parte. Ele, que aos seus religiosos tinha sempre imposto nunca escreverem e de conservarem, em absoluto segredo, a própria identidade, testemunhava assim a respeito da vida deles: “Estas almas fervorosas difundem ao seu redor benéfica atmosfera moralizadora não só pelos seus contatos pessoais individuais, mas também sobre os grupos e as massas. É sabido que pessoas de espírito bom, onde se encontrem, ainda que não façam nada de particular, farão sentir sempre sua salutar presença.”
Quando, em 1905, não estava mais em condições de receber pessoas no seu confessionário por motivo de surdez, fr. Honorato aplicou-se ao estudo, dedicando-se a intensa atividade epistolar com seus filhos espirituais. As cartas manuscritas – quase 4.000 – foram conservadas em Varsóvia, no arquivo da vice-postulação, onde formam 21 volumes. No mesmo arquivo estão guardados numerosos discursos seus (um milhar) e vasta quantidade de obras, em grande parte manuscritas, que ele vinha escrevendo desde sua juventude. Estas se referem à ascese, à mariologia, à hagiografia, à história, à homilética, à regra da OFS e às constituições das diversas congregações, traduções para o polonês etc. Digna de menção, autêntica enciclopédia mariana é a obra intitulada: “Quem é Maria?”, organizada em 52 tomos e 76 volumes, dos quais somente o primeiro foi publicado em diversas edições. Interessante, ainda, para o conhecimento da vida espiritual e do empenho apostólico de Frei Honorato, é o seu Diário Espiritual no qual lemos: “Desde o meu primeiro momento no ingresso da Ordem, sempre busquei isso: fazer conhecer aos homens o amor de Deus.” Das quase cem obras escritas por fr. Honorato, 41 ainda permanecem inéditas. Frei Honorato morreu em conceito de santidade aos 16 de dezembro de 1916, com 87 anos de idade. Sepultado na cripta do convento de Nowe-Miasto, de onde, aos 10 de dezembro de 1975, após o “reconhecimento”, foi transladado para a igreja superior. Finalmente, aos 16 de outubro de 1988, o papa João Paulo II proclamou-o bem-aventurado.

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