sábado, 31 de outubro de 2009

Festa de Todos os Santos de Deus, 1º de Novembro



Beato Jan van Ruusbroec (1293-1381), cônego regular

Os Sete Graus do Amor
(cf. com a trad. de Louf, Bellefontaine 1990, p. 217)
Com todos os santos
Na vida eterna, contemplaremos com os olhos da inteligência a glória de Deus, de todos os anjos e de todos os santos, assim como a recompensa e a glória de cada um em particular, das maneiras que quisermos. No último dia, no julgamento de Deus, quando pelo poder de Nosso Senhor ressuscitarmos com os nossos corpos gloriosos, esses corpos estarão resplandecentes como a neve, serão mais brilhantes do que o sol, transparentes como cristal [...]. Cristo, nosso chantre e mestre de coro, cantará com a Sua voz triunfante e doce um cântico eterno, elogio e honra a Seu Pai celeste. Todos nós entoaremos esse cântico, com espírito alegre e voz clara, eternamente, para todo o sempre. A glória da nossa alma e a sua felicidade refletir-se-ão nos nossos sentidos e atravessar-nos-ão os membros; contemplar-no-emos mutuamente com nossos olhos glorificados; escutaremos, diremos, cantaremos esse elogio de Nosso Senhor com vozes que nunca desfalecerão.
Cristo servir-nos-á; mostrar-nos-á a Sua face luminosa e o Seu corpo com as marcas da fidelidade e do amor. Veremos também em todos os corpos gloriosos as marcas desse amor com que serviram a Deus desde o princípio do mundo [...]. Os corações vivos embrasar-se-ão de um amor ardente por Deus e por todos os santos [...].
Cristo, na Sua natureza humana, dirigirá o coro da direita, porque essa natureza foi o que Deus fez de mais nobre e sublime. A esse coro pertencem todos aqueles em que Ele vive, e que n'Ele vivem. O outro coro é o dos anjos; ainda que pela sua natureza estes sejam seres mais elevados, nós, os homens, recebemos mais de Jesus Cristo, com Quem somos um. Ele será, no meio do coro dos anjos e dos homens, o supremo pontífice, diante do trono da soberana majestade de Deus. E, diante de Seu Pai celeste, Deus todo-poderoso, oferecerá e renovará todas as oferendas que Lhe forem apresentadas pelos anjos e pelos homens; e estas renovar-se-ão ininterruptamente, e para sempre se manterão na glória de Deus.

Fontes:

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Imaculado Coração de Maria (Solenidade em Angola), Encerramento do Mês do Rosário, 31 de Outubro


Esta memória ao Imaculado Coração de Maria não é nova na Igreja; tem as suas profundas raízes no Evangelho que repetidamente chama a nossa atenção para o Coração da Mãe de Deus. Por isto, na Tradição Viva da Igreja encontramos esta devoção confirmada pelos Santos Padres, Místicos da Idade Média, Santos, Teólogos e Papas como João Paulo II.
"Depois ele desceu com eles para Nazaré; era-lhes submisso; e a sua mãe guardava todos esses acontecimentos em seu coração". Este relato bíblico que se encontra no Evangelho segundo São Lucas, une-se ao canto de louvor entoado por Maria, o Magnificat; a compaixão e intercessão diante do vinho que havia acabado e a presença de Maria de pé junto a Cruz, revelam-nos a sintonia do Imaculado Coração de Maria para com o Sagrado Coração de Jesus.
Entre os santos, São João Eudes destacou-se como apóstolo desta devoção e, entre os Papas que propagaram esta devoção, destaca-se Pio XII que em 1942 consagrou o mundo inteiro ao Coração Imaculado de Maria. As aparições de Nossa Senhora em Fátima no ano de 1917, de tal forma espalharam a devoção ao Coração de Maria que o Cardeal Cerejeira disse um dia: "Qual é precisamente a mensagem de Fátima? Creio que poderá resumir-se nestes termos: a manifestação do Coração Imaculado de Maria ao mundo atual, para o salvar". Desta forma, pudemos conhecer que o Pai e Jesus querem estabelecer no mundo inteiro a devoção ao Imaculado Coração, que se encontra fundamentada na Consagração e Reparação a este Coração que "no final triunfará".

Ver também: Santo Afonso Rodrigues

Fontes:

São Geraldo de Potenza, Bispo, 30 de Outubro



São Geraldo era natural de Placência e transferiu-se para Potenza. No Martirológio Romano, é fixada a memória de São Geraldo, bispo de Potenza, na Lucânia. Foi escolhido bispo por suas virtudes. Morreu apenas oito anos após a sua escolha para o episcopado. O seu sucessor, Manfredo, escreveu a vida do bispo São Geraldo.
Mas há outro Geraldo, também ele de Potenza, que teve fama bem superior ao bispo medieval. Trata-se de São Geraldo Majela, um dos santos mais populares da Itália meridional. E há motivo para esta popularidade: ele era invocado, sobretudo, pelas gestantes e parturientes.
Sua vida está repleta de privações, de sofrimentos, de humilhações, mas tudo está profundamente animado, finalizado com um encontro vivo e pessoal com Deus. São Geraldo, no seu leito de morte, podia afirmar não saber o que fosse uma tentação impura: tinha sobre a mulher uma concepção superior - olhava toda a mulher como uma imagem de Nossa Senhora, "louvor perene à Santíssima Trindade".
Eram entusiasmos místicos de uma alma simples, mas cheia de amor espiritual. Exclamava frequentemente: "Meu querido Deus, meu Espírito Santo", sentindo dentro de si a bondade e o amor infinitos de Deus.

Fontes:

São Narciso, Bispo de Jerusalém, 29 de Outubro



Segundo Eusébio, São Narciso era natural da Palestina e foi o 15º Bispo de Jerusalém, eleito em 189. Presidiu o Concílio de Cesaréia (197) e encabeçou a lista de assinaturas de uma carta que o episcopado da Palestina enviara ao papa São Vitor. Nesta carta, os bispos declaravam observar os rito e usos da Igreja romana.
Contam que certa vez fora acusado de um crime que não cometera. Os caluniadores confirmaram por falsos juramentos a acusação. O primeiro dissera que se estivesse mentindo que o queimassem vivo. Já o segundo chamou sobre si a praga de lepra, se o que havia dito não fosse verdade. Por fim, o terceiro jurou pela luz de seus olhos que estava falando a verdade.
Narciso ficou muito desgostoso e resolveu deixar a cidade secretamente. Foi para o deserto de Nítria, onde viveu oculto durante 8 anos.
Aconteceu, então, que abateu-se sobre os caluniadores o mal que cada um havia arrogado sobre si: o primeiro morreu queimado; o segundo foi consumido pela lepra; e o terceiro ficou cego.
Voltando a Jerusalém, resolveu reassumir, juntamente com o bispo Górdio, o pastoreio de sue rebanho. Morreu por volta de 212, aos 116 anos de idade.

Fontes:

São Simão e São Judas Tadeu, Apóstolos de Cristo, Mártires, 28 de Outubro



Simão e Judas aparecem juntos nas diversas listas dos "doze". Na lista dos doze, Simão vem no undécimo lugar em Marcos e Mateus e no décimo em Lucas; Judas no undécimo em Lucas e no décimo em Marcos e Mateus. Dão a este o cognome de Tadeu. O lugar no fim da lista leva a pensar nos trabalhadores contratados às cinco horas da tarde (Mt 20,6). "São estes os nomes dos doze apóstolos: primeiro, Simão, também chamado Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão; Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, o filho de Alfeu, e Tadeu; Simão, o Zelota, e Judas Iscariotes, aquele que o traiu ..." (Mateus 10,1ss.).
A respeito de Simão, apenas sabemos que era originário de Caná e era chamado Zelota. Certamente Simão teria pertencido ao partido radical e nacionalista dos zelotas, opositores intransigentes do domínio romano na Palestina.
Quanto a Judas, chamado Tadeu, sabemos pelo Evangelho que, na Última Ceia, perguntou a Jesus: "'Senhor, por que te manifestarás a nós e não ao mundo?' Respondeu-lhe Jesus: 'Se alguém me ama, guardará minha palavra e o meu Pai o amará, e a ele viremos e nele estabeleceremos morada. Quem não me ama não guarda minhas palavras; e a palavra que ouvis não é minha, mas do Pai que me enviou.' "
Segundo São Jerônimo, Judas terá pregado em Osroene (região de Edessa). Terá evangelizado a Mesopotâmia. São Paulino de Nola tinha-o como apóstolo na Líbia. Fortunato de Poitiers julgava-o enterrado na Pérsia. Os martirológios latinos conservam esta notícia, utilizando uma narração que o reúne a Simão.

Fontes:

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Santos Irmãos Vicente, Sabina e Cristeta, Mártires, 27 de Outubro



Basílica dos Santos Irmãos Mártires Vicente, Sabina e Cristeta

Por volta do ano 303, na Espanha, no período em que Diocleciano era imperador romano (284-305), os irmãos Vicente, Sabina e Cristela, naturais de Évora (?), foram torturados cruelmente. Tiveram os membros desconjuntados e as cabeças esmagadas. Pelo que podemos conferir nos anais de seu martírio, São Vicente foi feito prisioneiro antes de suas irmãs Sabina e Cristela, tendo sido levado a presença do magistrado romano Daciano, que o interrogou: "Perdôo à tua juventude essas liberdades, pois sei que não chegaste ainda à idade de uma prudência completa, pelo que te devo aconselhar que me ouças como pai, e como tal ordeno que sacrifiques aos deuses imperiais."
O jovem Vicente assim respondeu: "Careceria de sólido juízo, se, desprezando o verdadeiro Deus que criou o céu e a terra, penetrou os abismos e circundou os mares, desse culto aos falsos deuses de pau e de pedra, representados em estátuas vãs." Por esta resistência, foram-lhe concedidos três dias para pensar e negar sua fé cristã. Sabendo que não poderia negar, tentou fugir com suas irmãs, mas foram alcançados pelos soldados romanos, sofrendo então todos os martírios.
"Senhor, dai-nos coragem para mudar o que pode ser mudado. E dai-nos sabedoria para distinguir uma coisa da outra. Dai-nos Senhor, forças para aceitar com serenidade tudo o que não possa ser mudado".

Fontes:

Beato Boaventura de Potenza, Sacerdote, 26 de Outubro


Boaventura nasceu em Potenza, Basilicata em 4 de Janeiro de 1651 filho de Lelio Lavagna e Catalina Pica. Passou os primeiros 15 anos de sua vida em grande pureza de costumes e fervor religioso: reflectia a pureza no rosto e em seus olhos. Em 4 de Outubro de 1666 tomou o hábito religioso entre os Irmãos Menores Conventuais em Nocera dei Pagani.
Depois do noviciado fez os estudos humanísticos e teológicos em Aversa, Madaloni, Benevento e Amalfi, onde foi ordenado sacerdote. Por 8 anos teve como diretor espiritual o venerável Domingo Giurardelli de Muro Lucano.
Apesar de sua resistência a ocupar postos de responsabilidade, Boaventura em Outubro de 1703 foi nomeado mestre de noviços e transferido para Nocera dei Pagani, onde se ocupou por quatro anos da formação espiritual dos jovens.
Em Junho de 1707, enquanto estava no convento do Santo Espírito de Nápoles por razões de saúde, ele se prodigalizou na assistência aos enfermos de cólera, epidemia que assolou Vomero. Em 4 de Janeiro de 1710 foi destinado ao convento de Ravello, onde assumiu a direção espiritual dos mosteiros de Santa Clara e de São Cataldo.
Fiel imitador de Seráfico Patriarca, Boaventura guardava com zeloso cuidado o precioso tesouro da pobreza que brilhava em seu hábito, cheio de remendos, em sua cela e em toda a sua vida. Por natureza tinha um temperamento intempestivo, propenso à ira, mas com a força de seu caráter e com a ajuda de Deus soube adquirir uma paciência e uma doçura inalteráveis. Frente às censuras, às injustiças e às injúrias, ainda que sentisse o sangue ferver nas veias e o coração palpitar violentamente, conseguia conservar um absoluto domínio de si mesmo.
Sua austeridade era inaudita, chegando mesmo a se flagelar até derramar sangue, às sextas-feiras, em recordação à Paixão de Cristo. Para com os pobres, os enfermos e os aflitos era compassivo e lhes prestava assistência. Como autêntico sacerdote de Cristo seu magistério era evangélico. Normalmente, com uma só pregação chegava a converter os pecadores e, às vezes, como o bom pastor, ia às suas casas para buscá-los como "ovelhas perdidas". Seu confessionário se mantinha assediado de penitentes, onde, por vezes, passava dias inteiros.
Era fervoroso e zeloso devoto da Virgem. Nas pregações convidava os fiéis à confiança e ao amor para com a divina Mãe. Não empreendia nenhuma iniciativa sem se colocar sob sua proteção maternal. A Imaculada Conceição de Maria, que ainda não era dogma definido, para ele era uma verdade da qual não se podia duvidar.
Sua vida foi marcada por carismas singulares e prodígios. Depois de oito dias de enfermidade, aos 60 anos, em 26 de Outubro de 1711, com o nome de Maria em seus lábios, expirou serenamente em Ravello. Foi beatificado pelo Papa Pio VI em 26 de Novembro de 1775.

Fontes:

domingo, 25 de outubro de 2009

São Crispim e São Crispiniano, Sapateiros, Mártires, 25 de Outubro





São Crispim e São Crispiniano eram irmãos. Padeceram o martírio no século terceiro, em Soissons, França. Diz a lenda que, embora de descendência nobre ganhavam o pão como humildes operários. Durante o dia missionários, trabalhavam de noite na pobre oficina de sapateiros. Deles afirma o Martirólogo romano: "Em Soissons, nas Gálias, os santos mártires, Crispim e Crispiniano, nobres romanos: durante a perseguição de Diocleciano, sob o governador Rictiovaro, foram degolados, depois de horríveis tormentos, obtendo assim a coroa do martírio. Os corpos foram, em seguida, transportados para Roma e aí receberam uma sepultura honrosa na Igreja de São Lourenço in Panisperna".
São considerados os padroeiros dos sapateiros. No Século VI foi construída, em Soissons, uma belíssima igreja em honra destes dois gloriosos mártires, cujas relíquias nela se acham depositadas.
Como Lisboa foi tomada aos mouros em 25 de Outubro de 1147, os santos mártires foram considerados os primeiros padroeiros da cidade reconquistada.

Ver também: São Frei Galvão

Fontes:

sábado, 24 de outubro de 2009

Beato Luis Guanella, Presbítero, 24 de Outubro



Luís Guanella nasceu em Fraciscio de Campodolcino, no Vale São Tiago (Província de Sondrio, Itália) aos 19 de dezembro de 1842. Faleceu em Como no dia 24 de outubro de 1915.
Seu vale e a localidade onde nasceu - 1350 m. acima do nível do mar - fazem parte dos Alpes. Desde a antigüidade, diferentes comunidades ali se estabeleceram. A vida não era fácil. Com muita dificuldade conseguiam sobreviver com os recursos provenientes da agricultura alpina e da criação de animais. Até o ano 1800 a sua história, economia e estrutura social são marcadas pela posição geográfica do vale fechado em ambos os lados por duas cadeias de montes altíssimos. Mesmo assim era sujeito a invasões periódicas. O vale constituía o caminho mais curto entre o sul e o norte dos Alpes centrais. Os moradores gozavam de alguns privilégios, particularmente de uma certa liberdade, com a ressalva que não criassem obstáculos para as comunicações comerciais ou militares. Orgulhosos desta liberdade eram católicos fervorosos, contrastando com o limítrofe Canton Grigioni, da Suíça, que abraçara a Reforma. Seu modo de viver caracterizava-se pela pobreza, dedicando-se aos trabalhos mais árduos para garantir a sobrevivência. Isso possibilitou a Guanella a assimilação de diversas qualidades: o hábito de uma vida sacrificada e laboriosa, a autonomia, a paciência e a firmeza nas decisões, associada a uma grande fé.
Estas qualidades fortaleceram-se na família. Seu pai, prefeito de Campolcino durante o governo austríaco e após a unificação (1859) era um homem severo e autoritário. A mãe, Maria Bianchi, era meiga e paciente. O casal teve 13 filhos. Quase todos chegaram à idade adulta.
Aos 12 anos, Luís conseguiu um vaga gratuita no Colégio Gallio em Como. Depois deu continuidade aos estudos nos seminários diocesanos (1854-1866). Sua formação cultural e espiritual identifica-se com a dos seminários da Lombardia e do Veneto. Por muito tempo estas regiões estiveram sob o domínio de governantes austríacos. O conteúdo cultural do curso teológico deixava a desejar. Em contrapartida priorizava os aspectos práticos e pastorais: teologia moral, ritos, pregação... e a formação pessoal: piedade, santidade, fidelidade. A vida cristã e sacerdotal hauria e se alimentava da devoção comum de todos os fiéis. Essa impostação concreta colocou o jovem seminarista e sacerdote muito próximo ao povo e em contato com o seu modo de viver. Quanto retornava a Frascicio por ocasião das férias de outono, dedicava-se totalmente à pobreza nos vales alpinos. Interessava-se pelas crianças, pelos idosos e doentes da sua localidade. Passava os meses prontificando-se em atendê-los. No tempo que sobrava, apaixonava-se pela questão social, recolhia e analisava ervas medicinais e se entusiasmava com a leitura da história da Igreja. No seminário teológico estabeleceu laços de amizade com Bernadino Frascolla, bispo de Foggia, que estava preso e depois submetido a domicílio forçado no seminário (1864-1866). Através deste fato, Guanella se inteirou da hostilidade existente entre o Estado e a Igreja. E foi justamente este bispo, acima citado, quem ordenou Guanella sacerdote aos 26 de maio de 1866.
Iniciou com entusiasmo a vida pastoral em Valchiavenna (Prosto, 1866 e Savogno, de 1867 a 1875). Após uma permanência de três anos com os salesianos, transferiu-se para a Paróquia de Traona, na Valtellina (1878-1881). Em seguida, por alguns meses esteve na localidade de Olmo e por último em Pianello Lario, Como (1881-1890).
Desde o início, em Savogno, revelou suas prioridades pastorais: a instrução dos jovens e dos adultos, a elevação religiosa, moral e social de seus paroquianos, defendendo o povo dos assaltos do liberalismo e com privilegiada atenção para os mais pobres. Quando necessário não deixava de intervir fortemente quando as autoridades civis se opunham ao exercício de seu ministério. Com isso não demorou muito para ser catalogado entre o rol dos indivíduos perigosos ("lei dos suspeitos"). Isso de modo especial a partir do momento em que publicou um opúsculo polêmico sobre orientações familiares. Foi em 1872. Enquanto isso, em Savogno aprofundava o conhecimento de don Bosco e da Instituição do Cotolengo. Chegou a convidar don Bosco para que fundasse un colégio no vale. Mas como o projeto não pôde ser efetivado, Guanella obteve a permissão de permanecer, por algum tempo, com dom Bosco. A pedido do Bispo, retornou à diocese, sendo destinado para Traona. Ali fundou um colégio segundo os moldes salesianos. Mas também aqui encontrou forte oposição. O mesmo que aconteceu em Savogno. Por isso obrigaram-no a fechar o colégio. Não podendo mais agir, com obediência heróica colocou-se à disposição do bispo. Este o enviou a Pianello, onde pode dedicar-se à assistência dos pobres. Ali já existia uma creche fundada por seu predecessor, don Carlos Coppini, onde trabalhavam algumas ursulinas. Trabalho em conjunto com elas fundou a Congregação das Irmãs Filhas de Santa Maria da Providência. Com elas fundou a Casa da Divina Providência em Como (1866), contando com a colaboração da Irmã Marcelina Bosatta e da bem-aventurada Clara, sua irmã. A Casa desenvolveu-se rapidamente. Ampliou a assistência, seja na parte feminina como na masculina (congregação dos Servos da Caridade), abençoada e mantida pelo Bispo Andrea Ferrari. Não demorou para a Obra expandir-se em outros lugares, além da cidade de Como. Em 1891 foi para as Províncias de Milão. Dois anos mais tarde, em 1893 iniciou suas atividades em Pavia, Sondrio, Rovigo, Roma. E não parou ali. Em 1912 foi para Consenza, para a Suíça e para os Estados Unidos. Na ocasião contava com a proteção e a amizade do Papa São Pio X. Na Obra masculina teve exímios colaboradores na pessoa de don Aurélio Bacciarini e de don Leonardo Mazzucchi. Bacciarini, mais tarde, foi designado Bispo de Lugano, na Suíça.
As Instituições e os objetivos que cativaram Guanella (e que o impediram de permanecer com don Bosco são aqueles específicos da sua terra natal. Havia muitas pessoas necessitadas: crianças e jovens, anciãos abandonados, marginalizados e deficientes mentais (incluindo, também, cegos, surdo-mudos e aleijados): toda a faixa intermediária entre os jovens de don Bosco e as pessoas incapacitadas do Cotolengo, em condições de uma recuperação: um terreno duro e árido como a sua terra natal, mas que, trabalhado com amor (nas escolas, laboratórios e colônias agrícolas) podem produzir frutos inesperados.

Bibliografia
Escritos
L. GUANELLA, “Os caminhos da Providência” (“Le vie della Provvidenza”), Roma, 1988.
L.GUANELLA, “Opere”, Roma 1988 (vol. I, II/1, II/2, IV).

Biografias
L. MAZZUCCHI, “La vita, do spirito e e le opere di don L. G.”, Como 1920. TAMBORINI G. PREATONI, “Il Servo della Carità B. L. G.” Milano 1964. V. LUCARELLI, “Un contemporaneo affascinante D. G.”, Milano 1991.

Aprofundamentos
A. BERIA, L. G. “Pagine spirituali e preghiere”, Brescia, 1957. P. PASQUALI, “G. L., in DIP”, Edizioni Paoline 1977, vol. IV, pp.1458-1461. AA.VV, “I tempi e la vita don G., ricerche biografiche”, Roma 1990. M.L. OLIVA, “L. G. “gli anni di Savogno” 1867-1875”, Roma 1991. M. CARROZZINO, “Don G. e Don Bosco, storia di un incontro e di un confronto”, Roma 1989. AA.VV. “La spiritualità di Don Luigi Guanella”. “Ricerche tematiche”, a cura di ª Dieguez, Roma 992. P. PELLEGRINI, “Don Guanella inedito, (a cura di º Minetti ª Dieguez)", Roma 1993.
CONGREGAÇÃO DOS SERVOS DA CARIDADE - OBRA DON GUANELLA

Ver também: Santo Antônio Maria Claret

Fontes:

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Santa Clotilde Paillot e Companheiras da Congregação das Ursulinas, Religiosas, Mártires, 23 de Outubro



No final do Século XVIII, em 14 de julho de 1789, a França foi duramente golpeada pela Revolução. Por um lado, foi um momento de importantes transformações para praticamente todas as sociedades ocidentais, que atualmente influenciam praticamente o mundo todo.
Por outro lado, foi um período conturbado, sangrento, em que profundas injustiças foram cometidas em nome da democracia. Entre as principais vítimas encontravam-se religiosos e religiosas, sacerdotes e leigos da Igreja Católica. Mas na verdade, mesmo os que não integravam a Igreja, mas que emitiam opiniões diferentes das dos revolucionários eram considerados "inimigos da República, inimigos da França". Milhares de vítimas (cristãs ou não) foram colocadas na prisão e sacrificadas. Os tribunais revolucionários somente interrogavam os acusados, não lhes permitindo a possibilidade de se defenderem. Esta perseguição durou até o início do Século XVIII e, em outras ocasiões, a Igreja sofreu imensamente com as perseguições impostas pelos republicanos radicais.
Em 1791, as monjas clarissas foram expulsas de seu mosteiro. Na mesma ocasião, as irmãs ursulinas, com o desejo ardente de continuar sua vida religiosa, fugiram para uma região segura fora da França. Este exílio durou de 17 de setembro de 1792 a 1º de novembro de 1793, quando as irmãs ursulinas puderam regressar a seu convento. O gozo da recuperação da vida conventual foi breve. Valenciennes caiu novamente nas mãos dos franceses e a fúria tudo derrubou.
Em 23 de outubro de 1794, Madre Clotilde Paillot e suas 9 irmãs de congregação, juntamente com a clarissa Irmã Josefina Leroux, subiram ao patíbulo recitando o "Te Deum" e as ladainhas da Virgem. No cadafalso tiveram palavras de agradecimento para os carrascos, cujas mãos elas beijaram.

Fontes:

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Beato Giuseppe Timóteo Giaccardo, Primeiro Sacerdote Paulino, 22 de Outubro





Giuseppe Timóteo Giaccardo, nasceu em 13 de julho de 1896 em Narzole, diocese de Alba, na Itália. Os pais, pobres e tementes a Deus, batizaram-no no mesmo dia do nascimento. Deram-lhe como primeiro nome Giuseppe (José), motivo por que será chamado familiarmente de ‘Pinotu’ (Zezinho). O nome de Pe. Timóteo lhe será conferido, como então se usava para os religiosos, no dia 30 de julho de 1920, por ocasião da renovação dos seus votos.
Pe. Aberione, fundador da Família Paulina, escolheu para o primeiro sacerdote da recém-fundada congregação o nome do primeiro discípulo fiel de São Paulo. Em 1948, no dia 24 de janeiro, morreu após ter rezado o “Ângelus”, ao meio-dia. O Papa João Paulo II o proclamou bem-aventurado em 22 de outubro de 1989.

Um encontro providencial
No mês de maio de 1908, José encontrou pela primeira vez o Pe. Alberione. Tal encontro definiu toda a sua vida. Tinha apenas doze anos. Pe. Alberione escreve: “Mandado pelo bispo para ajudar, no domingo, o pároco de Narzole, fraco de saúde, notei imediatamente, entre os meninos que freqüentavam a Igreja, o pequeno José, pela sua piedade, seriedade quase superior aos anos, amor ao estudo, vivacidade, sempre contida nos limites de uma alegre inocência. De manhã, com seu amigo, que mais tarde se tornou missionário na África, chegava à igreja ainda fechada para ajudar na missa e para comungar”.

Primeiro sacerdote Paulino
No dia 19 de outubro de 1919, Timóteo Giaccardo sacerdote. Sua ordenação marcou a história da Família Paulina: era o primemiro sacerdote do novo Instituto Pia Sociedade de São Paulo. A sua oredenação sacerdotal não somente confirmava as bençãos de Deus sobre a nova obra, mas declarava que o “apostolado das edições” é na Igreja e para a Igreja um ministério sacerdotal. Ele era o primeiro padre paulino que fora ordenado expressamente para um ministério novo na Igreja.
Naquela noite inesquecível, Pe. Giaccardo escrevia: “Maria, eu te amo com o amor de Jesus sacerdote. Quanto me é doce dizer-te isto. Sim, com o amor de Jesus, do qual tu me revestiste, me incorporaste, que infunde em mim a sua vida eucarística, da qual descende o meu sacerdócio”.

“Subi ao altar levando o ideal do meu tempo de clérigo: ‘Não sou mais eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim’. Para mim é muito agradável recordar, agradecer de forma explícita, Nossa Senhora, já que todo sacerdote sai do seu coração; e eu dele saí com uma superabundância de afetos, de cuidados, de providência, de graça, de vida”.

Fontes: