quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Santo Inácio de Antioquia, 17 de Outubro


Neste dia nos deparamos com a fé ardente, doação completa e amor singular ao Cristo, do Mártir Inácio, sucessor de São Pedro em Antioquia da Síria, que desde a infância conviveu com a primeira geração dos cristãos.

Como bispo foi muito amado em Antioquia e no Oriente todo, pois sua santidade brilhava, tanto que o prenderam devido a sua liderança na religião cristã, durante o Império Le Frazano, por volta do ano 107. 
Chamado: Teóforo - portador de Deus - Inácio, ao ser transportado para Roma, sabia que cristãos de influência na corte imperial poderiam impedi-lo de alcançar Cristo pelo Martírio, por isso, dentre tantas cartas que enviara para as comunidades cristãs, a fim de edificar, escreveu em especial à Igreja Católica em Roma: "Eu vos suplico, não mostreis comigo uma caridade inoportuna. Permiti-me ser pasto das feras, pelas quais me será possível alcançar Deus, sou trigo de Deus e quero ser moído pelos dentes dos leões, a fim de ser apresentado como pão puro a Cristo. Escutai, antes, as feras, para que se convertam em meu sepulcro e não deixem rasto do meu corpo. Então serei verdadeiro discípulo de Cristo".
Nesta mesma carta há uma preciosa afirmação sobre a presença de Cristo na Eucaristia: "Não encontro mais prazer no alimento corruptível nem nos gozos desta vida, o que desejo é o pão de Deus, este pão que é a carne de Cristo e, por bebida, quero seu sangue, que é o amor incorruptível"
Santo Inácio foi, de fato, atirado às feras no Coliseu, em Roma no ano 107, e hoje intercede para que comecemos a ter a têmpera dos mártires a fim de nos doarmos por amor. 

CARTA DE SANTO INÁCIO DE ANTIOQUIA A POLICARPO
Saudação
Inácio, também chamado Teóforo, a Policarpo, bispo da Igreja de Esmirnaa, ou melhor, que tem por bispo Deus e o Senhor Jesus Cristo, as melhores saudações.
Direção da Igreja
1. 1Acolhendo com alegria o teu conhecimento em Deus, alicerçado sobre rocha inabalável, louvo o Máximo (Senhor) por me haver julgado digno do teu rosto irrepreensível. Possa eu alegrar-me com ele em Deus. 2Eu te exorto, pela graça de que estás revestido, a apressares tua corrida, e exortares a todos, para que sejam salvos. Justifica tua dignidade episcopal com total solicitude física e espiritual. Preocupa-te com a unidade, acima da qual nada existe de melhor. Suporta a todos, assim como o Senhor te suporta. Suporta a todos no amor, como já o fazes. 3Cuida que as orações não cessem. Pede sabedoria maior do que essa que tens. Vigia com espírito vigilante. Fala a cada um em particular, conformando tua maneira à de Deus. Carrega as doenças de todos, como perfeito atleta. Onde o trabalho é maior, maior é o ganho.
2. 1Se amas os bons discípulos, não tens mérito; submete com mansidão os mais contaminados. Nem toda ferida se cura com o mesmo emplastro. Acalma as crises violentas com compressas úmidas. 2Em todas as coisas, sê prudente como serpente e sempre simples como pomba, pois és carnal e espiritual para tratar com afabilidade as coisas que aparecem diante de ti. Quanto às coisas invisíveis, pede que elas sejam manifestadas a ti, para que nada te falte e tenhas abundância em toda graça. 2O tempo presente exige que, para chegar a Deus, sejas como pilotos que invocam os ventos e como aqueles que esperam o porto aos serem surpreendidos pela tempestade. Sê sóbrio como atleta de Deus. O preço é a incorruptibilidade e a vida eterna, da qual também estás convencido. Em tudo sou um resgate para ti, eu e minhas cadeias, que amasb.
Firmeza contra os hereges
3. 1Aqueles que parecem dignos de fé, mas ensinam o erro, não te amedrontem. Permanece firme, como a bigorna sob os golpes do martelo. É próprio de grande atleta aparar os golpes e vencer. É por causa de Deus que devemos suportar tudo, a fim de que ele também nos suporte. 2Sê mais zeloso do que és; discerne os tempos. Espera aquele que está acima do tempo, atemporal, invisível, mas que se tornou visível para nós; aquele que é impalpável e impassível, mas que se tornou passível por nós, e por nós sofreu de todos os modos.
Viúvas e escravos
4. 1Não deixes de atender às viúvas; depois do Senhor, és tu que deves cuidar delas. Nada seja feito sem teu parecer, e não faças nada sem Deus, como de fato não o fazes. Sê firme. 2Que as reuniões sejam mais frequentes; convida a todos nominalmente. 2Não desprezes os escravos e as escravas. Contudo, que eles não se inflem de orgulho, mas que sirvam com maior zelo para a glória de Deus, a fim de obterem de Deus a liberdade maior. Que eles não procurem tornar-se livres às custas da comunidade, para não se tornarem escravos do desejo.
Castidade e Matrimônio
5. 1Foge das profissões desonestas. Além disso, faze homilia contra elas. Dize às minhas irmãs que amem o Senhor e se contentem com seus maridos física e espiritualmente. Recomenda também aos meus irmãos, em nome de Jesus Cristo, que amem suas esposas, como o Senhor ama a Igreja. 2Se alguém pode permanecer na castidade em honra da carne do Senhor, que permaneça na humildade. Se ele se gloria disso, está perdido, e considerando-se mais do que o bispo, está corrompido. Convém que os homens e as mulheres que se casam, contratem sua união com o parecer do bispo, a fim de que seu matrimônio seja feito segundo o Senhor e não segundo a concupisciência. Que tudo seja feito para a honra de Deus.
Submissão ao bispo
6. 1Atendei ao bispo, para que Deus vos atenda. Ofereço minha vida para os que se submetem ao bispo, aos presbíteros e aos diáconos. Possa eu, com eles, ter parte em Deus. Trabalhai uns com os outros e, unidos, combatei, lutai, sofrei, dormi, despertai, como administradores, assessores e servidores de Deus. 2Procurai agradar àquele sob cujas ordens militais e do qual recebeis vosso soldo. Não se encontre entre vós nenhum desertor. Que o vosso batismo seja como escudo, a fé como elmo, o amor como lança, a perseverança como armadura. Vossos depósitos sejam as vossas obras, para que possais retirar as somas a que tendes direito. Sede, portanto, pacientes na mansidão, uns com os outros, como Deus o é convosco. Possa eu sempre me alegrar convosco.
Cristão a serviço de Deus
7. 1Uma vez que a Igreja de Antioquia da Síria está em paz, como fui informado, graças à vossa oração, fiquei mais confiante na serenidade de Deus, se com o sofrimento eu o alcançar, para ser encontrado na ressurreição como vosso discípulo. 2Convém, Policarpo, convocar uma assembléia agradável a Deus e escolher alguém que vos seja caro e também ativo, que poderia ser chamado de correio de Deus. Encarrega-o de ir à Síria, para celebrar vosso infatigável amor, para a glória de Deus. 3O cristão não tem poder sobre si mesmo, mas está livre para servir a Deus. Essa é a obra de Deus e também a vossa, quando tiverdes realizado isso. Na graça, eu creio que estais prontos para fazer uma boa ação diante de Deus. Conhecendo vosso infatigável zelo pela verdade, eu vos exortei com essas poucas palavras.
8. 1Não pude escrever a todas as Igrejas, por causa de minha partida precipitada de Trôade para Neápolis, conforme a vontade de Deus me ordenou. Tu escreverás a todas as Igrejas do Oriente, pois tens o pensamento de Deus, a fim de que elas façam a mesma coisa. As que puderem, mandem mensageiros a pé; as outras mandem cartas por meio daqueles que tiveres enviado. Dessa forma, sereis glorificados por uma obra eterna, como bem o mereceis.
2Eu vos saúdo a todos nominalmente, e à esposa de Epítropo, com toda a sua família e a de seus filhos. Saúdo meu querido Átalo. Saúdo aquele que for considerado digno de ir até a Síria. A graça estará sempre com ele e com Policarpo, que o envia. 3Desejo que estejais sempre bem em nosso Deus Jesus Cristo, e nele permaneçais na uninade e sob vigilância de Deus. Saúdo Alce, que me é tão caro. Passai bem no Senhor.
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aEra cidade marítima da Ásia Menor, a oeste de Éfeso. Alguns afirmam ter sido pátria de Homero. Pesquisas arqueológicas a identificam com a colina de Hacimutsoste a oito quilômetros da atual cidade de Izmir (Turquia). A partir de 60 a.C., fez parte da província romana da Ásia, até as invasões árabes. A cidade moderna foi ocupada pela Grécia em 1919. Em 1922, foi tomada pela Turquia. À Igreja de Esmirna foi dirigida uma carta pelo autor do Ap 2:8-11. Era uma Igreja que vivia na tribulação e na indigência sofrendo os ataques da “sinagoga de Satanás”.
bPelo tom e tipo de aconselhamento, Inácio deixa entender que Policarpo é bem mais jovem do que ele e de pouca experiência no episcopado.

Notas: Roque Frangiotti
Autor: Santo Inácio de Antioquia
Fonte: Padres Apostólicos, Volume I, Coleção Patrística. Ed. Paulus
Tradução: Ivo Storniolo, Euclides M. Balancin

Santo Inácio de Antioquia, rogai por nós!
  
Fontes:

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