quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Santa Maria, Mãe de Deus, 1º de Janeiro


A contemplação do mistério do nascimento do Salvador tem levado o povo cristão não só a dirigir-se à Virgem Santa como a Mãe de Jesus, mas também a reconhecê-la como Mãe de Deus. Essa verdade foi aprofundada e compreendida como pertencendo ao patrimônio da fé da Igreja, já desde os primeiros séculos da era cristã, até ser solenemente proclamada pelo Concílio de Éfeso no ano 431. Na primeira comunidade cristã, enquanto cresce entre os discípulos a consciência de que Jesus é o Filho de Deus, resulta sempre mais claro que Maria é a Theotokos, a Mãe de Deus.
Trata-se de um título que não aparece explicitamente nos textos evangélicos, embora eles recordem "a Mãe de Jesus" e afirmem que Ele é Deus (Jo, 20, 28; cf. 5, 18; 10, 30.33). Em todo o caso, Maria é apresentada como Mãe do Emanuel, que significa Deus conosco (cf. Mt. 1, 22-23). Já no século III, como se deduz de um antigo testemunho escrito, os cristãos do Egito dirigiam-se a Maria com esta oração: "Sob a vossa proteção procuramos refúgio, santa Mãe de Deus: não desprezeis as súplicas de nós, que estamos na prova, e livrai-nos de todo o perigo, ó Virgem gloriosa e bendita" (Liturgia das Horas). Neste antigo testemunho a expressão Theotokos, "Mãe de Deus", aparece pela primeira vez de forma explícita. Na mitologia pagã, acontecia com freqüência que alguma deusa fosse apresentada como mãe de um deus. Zeus, por exemplo, deus supremo, tinha por mãe a deusa Réia. Esse contesto facilitou talvez, entre os cristãos, o uso do titulo "Theotokos", "Mãe de Deus", para a mãe de Jesus. Contudo, é preciso notar que este título não existia, mas foi criado pelos cristãos, para exprimir uma fé que não tinha nada a ver com a mitologia pagã, a fé na concepção virginal, no seio de Maria, d'Aquele que desde sempre era o Verbo eterno de Deus.
No Século IV, o termo Theotokos é já de uso freqüente no Oriente e no Ocidente. A piedade e a teologia fazem referência, de modo cada vez mais freqüente, a esse termo, já entrado no patrimônio de fé da Igreja. Compreende-se, por isso, o grande movimento de protesto, que se manifestou no século V, quando Nestório pôs em dúvida a legitimidade do título "Mãe de Deus".
Ele, de fato, propenso a considerar Maria somente como mãe do homem Jesus, afirmava que só era doutrinalmente correta a expressão "Mãe de Cristo". Nestório era induzido a este erro pela sua dificuldade em admitir a unidade da pessoa de Cristo, e pela interpretação errônea da distinção entre as duas naturezas - divina e humana - presentes n'Ele. O Concílio de Éfeso, no ano 431, condenou as suas teses e, afirmando a subsistência da natureza divina e da natureza humana na única pessoa do Filho, proclamou Maria Mãe de Deus.
As dificuldades e as objeções apresentadas por Nestório oferecem-nos agora a ocasião para algumas reflexões úteis, a fim de compreendermos e interpretarmos de modo correto esse título. A expressão Theotokos, que literalmente significa "aquela que gerou Deus", à primeira vista pode resultar surpreendente; suscita, com efeito, a questão sobre como é possível que uma criatura humana gere Deus.
A resposta da fé da Igreja é clara: a maternidade divina de Maria refere-se só à geração humana do Filho de Deus e não à sua geração divina. O Filho de Deus foi desde sempre gerado por Deus Pai e Lhe é consubstancial. Nesta geração eterna Maria não desempenha, evidentemente, nenhum papel. O Filho de Deus, porém, há dois mil anos, assumiu a nossa natureza humana e foi então concebido e dado à luz por Maria. Proclamando Maria "Mãe de Deus", a Igreja quer, portanto, afirmar que ela é a "Mãe do Verbo encarnado, que é Deus". Por isso, a sua maternidade não se refere a toda a Trindade, mas unicamente à segunda pessoa, ao Filho que, ao encarnar-se, assumiu dela a natureza humana. A maternidade é relação entre pessoa e pessoa: uma mãe não é mãe apenas do corpo ou da criatura física saída do seu seio, mas da pessoa que ela gera. Maria, portanto, tendo gerado segundo a natureza humana a pessoa de Jesus, que é pessoa divina, é Mãe de Deus.
Ao proclamar Maria "Mãe de Deus", a Igreja professa com uma única expressão a sua fé acerca do Filho e da Mãe. Esta união emerge já no Concílio de Éfeso; com a definição da maternidade divina de Maria, os Padres queriam evidenciar a sua fé na divindade de Cristo. Não obstante as objeções, antigas e recentes, acerca da oportunidade de atribuir este título a Maria, os cristãos de todos os tempos, interpretando corretamente o significado dessa maternidade, tornaram-no uma expressão privilegiada da sua fé na divindade de Cristo e do seu amor para com a Virgem. Na Theotokos a Igreja, por um lado, reconhece a garantia da realidade da Encarnação, porque - como afirma Santo Agostinho - "se a mãe fosse fictícia, seria fictícia também a carne... fictícias seriam as cicatrizes da ressurreição" (Tracto. in Ev. Ioannis, 8, 6-7). E, por outro, ela contempla com admiração e celebra com veneração a imensa grandeza conferida a Maria por Aquele que quis ser seu filho.
A expressão "Mãe de Deus" remete ao Verbo de Deus que, na Encarnação, assumiu a humildade da condição humana, para elevar o homem à filiação divina. Mas esse título, à luz da dignidade sublime conferida à Virgem de Nazaré, proclama, também, a nobreza da mulher e a sua altíssima vocação. Com efeito, Deus trata Maria como pessoa livre e responsável, e não realiza a Encarnação de seu Filho senão depois de ter obtido o seu consentimento. Seguindo o exemplo dos antigos cristãos do Egito, os fiéis entregam-se Àquela que, sendo Mãe de Deus, pode obter do divino Filho as graças da libertação dos perigos e da salvação eterna.

Fontes:
cf.www.psmn.hpg.com.br
cf. www.ecclesia.pt

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

São Silvestre, Papa (+ 335), 31 de Dezembro


São Silvestre era natural de Roma. Quando chegou à idade em que poderia dispor de sua fortuna, sua alegria consistia em acolher hospitaleiramente os cristãos estrangeiros que passavam pela cidade. Ele os levava à sua casa, lavava-lhes os pés, dava-lhes de comer, enfim, em nome de Jesus Cristo, ele lhes dispensava todos os cuidados na sua sincera caridade.


Um dia, chegou a Roma um ilustre confessor, chamado Timóteo de Antioquia. Ninguém ousava recebê-lo; Silvestre o recebeu com a mais generosa hospitalidade e, durante um ano, Timóteo pregou Jesus Cristo com um zelo inacreditável. Quando este homem heróico conquistou a palma do martírio, Silvestre escondeu seus preciosos restos mortais e enterrou-os durante a noite. Logo, porém, ele foi conduzido aos tribunais, acusado de ter escondido os tesouros do mártir: "Timóteo, disse ele, legou-me somente a herança de sua fé e coragem."


O prefeito local ameaçou-o de morte e jogou-o na prisão. Deixando-o, Silvestre lhe disse: "Insensato, tu mesmo, esta noite, vais prestar contas a Deus." De fato, o perseguidor engoliu uma espinha de peixe e morreu durante a noite. O temor dos castigos celestes "amoleceu" o carrasco e o jovem heróico foi posto em liberdade. Esta bela conduta de Silvestre conduziu-o ao diaconato pelo Papa São Melquíades,  de quem foi eleito sucessor.

Seu longo pontificado de vinte e um anos é célebre por diversas razões, sobretudo pelo Concílio de Nicéia, o Batismo do Imperador Constantino e o triunfo da Igreja. O Batismo de Constantino é situado numa época mais tardia por inúmeros autores, mas testemunhos igualmente numerosos e não menos sérios situam o Batismo deste grande Imperador sob o papado de São Silvestre, e o Breviário Romano confirma esta tese.


Constantino, ainda pagão e pouco favorável aos cristãos cuja doutrina ele ignorava completamente, foi atingido por uma espécie de lepra que lhe cobriu o corpo. Uma noite, São Pedro e São Paulo, resplandecendo em intensa luz, lhe apareceram e lhe ordenaram a chamar o Papa Silvestre, que o curou dando-lhe o Batismo. De fato, o Papa instruiu o neófito real e o batizou. Iniciava-se o reinado social de Jesus Cristo; a conversão de Constantino teria, por feliz conseqüência, a do universo.






Abade L. Jaud, Vida dos Santos para todos os dias do Ano (Vie des Saints pour tous les jours de l'année), Tours, Mame, 1950.

Tradução e Adaptação:
Gisèle Pimentel
gisele.pimentel@gmail.com


Fontes:
http://www.evangelhoquotidiano.org/main.php?language=FR&module=saintfeast&localdate=20091231&id=779&fd=0
http://www.evangelhoquotidiano.org/zoom_img.php?frame=55440&language=FR&img=&sz=full

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Beata Margarida Colona, Religiosa (+1280), 30 de Dezembro


Margarida nasceu em 1255, no castelo de seus pais a 40 quilômetros de Roma. Perdeu o pai pouco depois de nascer e a mãe aos dez anos. Foi posta sob a tutela de seu irmão João.

Quando atingiu dezoito anos e a quis casar, João verificou que, tanto Margarida como seu irmão Tiago, se tinham apaixonado pelos ideais franciscanos e nada os pôde demover.

Tiago chegou a cardeal defensor da Ordem, enquanto Margarida se retirou para um pequeno convento, dizendo ter sido agraciada com uma aparição da Virgem Maria. Não estando sujeita à clausura, pôde entregar-se às obras de caridade, especialmente junto dos Irmãos Menores doentes e dos leprosos

cf. José Leite, S.J.

Fontes:

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Rei Salomão, 29 de Dezembro


Rei Salomão,filho de Davi, em seu trono.

Salomão é um personagem da Bíblia (mencionado, sobretudo, no Livro dos Reis), filho de Davi com Betsabé, que teria se tornado o terceiro rei de Israel, governando durante cerca de quarenta anos (segundo algumas cronologias bíblicas, de 1009 a 922 a.C.).

Salomão na tradição bíblica

O nome Salomão ou Shlomô (em hebraico: שלמה, deriva da raiz Shalom, que significa "paz", tem o significado de "Pacífico". Foi adicionalmente chamado de Jedidias (em árabe سليمان Sulayman) pelo profeta Natã, nome que em hebraico significa "Amado de IHVH (Javé)" (II Samuel 12:24, 25).

Foi quem ordenou a construção do Templo de Jerusalém, no seu 4º ano, também conhecido como o Templo de Salomão, levado a efeito por Hiram Abiff, segundo a Bíblia, em Reis e em Crônicas. Depois disso, mandou construir um novo Palácio Real para o Sumo Sacerdote, o Palácio da Filha de Faraó, a Casa de Cedro do Líbano e o Pórtico das Colunas. A descrição do seu Trono era exemplar único em seus dias. Mandou construir fortes muralhas na cidade de Jerusalém, bem como diversas cidades fortificadas e torres de vigia.

Salomão tornou-se notório pela sua grande sabedoria, prosperidade e riquezas abundantes, bem como um longo reinado sem guerras. É uma personagem bíblica envolta em muitos mitos e lendas extra-bíblicas. Foi após a sua morte, que ocorre o previsto cisma nas Tribos de Israel, originando o Reino de Judá (formado pelas 2 Tribos), ao Sul, e o Reino de Israel Setentrional(formado pelas 10 Tribos), ao Norte.

Idealização do Templo de Salomão
Reinado de Salomão
Existem diferentes datas para divisão do reino de Israel. Adonias, filho primogênito de Davi, proclamou-se pretendente ao Trono e sucessor de seu pai. Segundo os profetas, era da vontade Divina que o sucessor fosse Salomão, filho de Davi e Betsabé. Visto que Salomão não era o herdeiro imediato ao Trono, isso levou a intrigas e conspirações pelos partidários de Adonias. O direito de Salomão ao trono é assegurado mediante ação decidida de sua mãe, do Sumo Sacerdote Zadoque e do profeta Natã, com aprovação do idoso Rei Davi. Logo que se tornou rei, Salomão eliminou todos os conspiradores e consolidou o seu reinado.

Diferente de seu pai, Salomão não se tornou num líder guerreiro, e isso, não foi preciso. Soube manter a grande extensão territorial que herdara de seu pai. Mostrou, de acordo com a tradição judaica cristã, ser um grande governante e um juiz justo e imparcial. Soube habilmente desenvolver o comércio externo e da indústria, as relações diplomáticas com países vizinhos, o que levou a um progresso considerável das cidades israelitas.

Salomão casou com uma filha de Faraó (Anelise) e recebeu como dote de casamento a cidade cananéia de Gezar. Renovou a aliança comercial com Hirão, Rei de Tiro. Ficou conhecido por ter ordenado a construção do Templo de Jerusalém (também conhecido como o Templo de Salomão), no Monte Moriá. Isto ocorreu no seu 4º ano de reinado, exatamente no 480.º ano (479 anos completos mais alguns dias ou meses) após o Êxodo de Israel do Egito. (Os historiadores e exegetas bíblicos consideram esta data como artificial, embora haja alguns biblistas que a consideram uma sincronização autêntica.)

Após isso mandou construir fortes muralhas na cidade de Jerusalém, bem como mandou reconstruir fortificar diversas cidades fortificadas (como por exemplo, Megido, Bete-Seã, Hazor…) e construir cidades-armazém.
Salomão organizou uma nova estrutura administrativa, dividindo as terras em 12 distritos administrativos governados por funcionários nomeados diretamente pela administração central. No exército, deu especial importância à cavalaria e aos carros de guerra. Dispunha no porto de Eziom-Geber, no Golfo de Aqaba de uma frota de navios comerciais de longo curso, chamados de "navios de Társis".

Segundo I Reis 11:3, Salomão tinha setecentas mulheres e trezentas concubinas, e "suas mulheres lhe perverteram o coração e o seu coração não era perfeito para com o SENHOR seu Deus, como o coração de Davi, seu pai.

Divisão do Reino

Com a sua morte, Roboão, seu filho, sucedeu-lhe no trono. Em vez de ouvir o conselho sábio dos anciãos das tribos de Israel para aliviar a carga tributária e os trabalhos compulsórios impostos por seu pai, ele mandou aumenta-los. Isso levou à rebelião das tribos setentrionais e à divisão do Reino em dois novos reinos: o Reino de Israel Setentrional (ou Reino das 10 Tribos, tendo como Rei Jeroboão I), e o Reino de Judá (tendo por capital Jerusalém e como rei, Roboão).

Tradição posterior

A tradição posterior imputaria a Salomão grande sabedoria e ao seu reinado o status de época áurea. Ele é considerado dentro da tradição judaico-cristã, como o homem mais sábio que já viveu até então. A Bíblia nos relata que no seu reinado diversos reis e governantes vinham a Israel fazer perguntas e receber conselhos do Rei Salomão, incluindo a rainha de Sabá. Durante os séculos posteriores, diversas obras de outros autores eram imputados a Salomão, para dar-lhes valor.


História do Bebê

A Salomão é atribuída a famosa história de que duas mulheres teriam ido ao seu palácio. Duas mulheres tiveram filhos juntos, um dos filhos morreu e a mãe do que morreu, pegou a da outra mãe. De manhã, ela percebeu que aquele que tinha morrido não era seu filho e começaram a discutir. Foram até o palácio do Rei Salomão e contaram-lhe a história. Ele mandou chamar um dos guardas e lhe ordenou: "Corte o bebê ao meio e dê um pedaço para cada uma". Falado isso, uma das mães começou a chorar e disse: "Não, eu prefiro ver meu filho nos braços de outra do que morto nos meus", enquanto a outra disse: "Pra mim é justo". Salomão, reconhecendo a mãe na primeira mulher, mandou que lhe entregassem o filho e que levassem a falsa mãe para a prisão perpétua (I Reis 3:16-28).

Salomão na tradição islâmica

O Rei Salomão aparece no Corão com o nome de Sulaiman ou Suleiman. No Islã, é considerado como um profeta e um grande legislador da parte de Alá (Deus).

Salomão à luz da História e da Arqueologia

Até o presente, não há qualquer comprovação ou mesmo indícios significativos capazes de conferir autenticidade histórica à figura do rei Salomão, nem que Jerusalém tenha sido, por volta do Século X a.C., o centro de um reino amplo e próspero, conforme descrito no Livro dos Reis. Ademais, tendo sido Salomão um rei famoso por sua sabedoria e riqueza (como mostrado na Bíblia), era de se esperar que seu nome fosse referido por outros povos daquela região, sobretudo pelos fenícios de Tiro, com quem o reino de Salomão manteria intenso comércio. A ausência de quaisquer achados arqueológicos dessa natureza parece indicar que Salomão é, na verdade, o símbolo de um passado glorioso (ainda que legendário) que a maioria dos povos antigos apreciava se atribuir. [1].

Referências

1 Israel Finkelsteine e Neil Asher Silberman, A Bíblia não tinha razão, São Paulo, Ed. A Girafa, 2003

 

Ver também

·   Reino de Israel
·   Provérbios
·   Cântico dos Cânticos
·   Eclesiastes
·   Livro da Sabedoria
·   Testamento de Salomão

Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Jerusalem_Ugglan_1.jpg

domingo, 27 de dezembro de 2009

Santos Inocentes, Mártires (Século I), 28 de Dezembro

Pequena vítima sudanesa da fome.

A Igreja honra como mártires este coro de crianças, vítimas do terrível e sanguinário rei Herodes, arrancadas dos braços das suas mães para escrever com o seu próprio sangue a primeira página do álbum de ouro dos mártires cristãos e merecer a glória eterna, segundo a promessa de Jesus: "Quem perder a vida por amor a mim há de encontrará-la." Para eles a liturgia repete hoje as palavras do poeta Prudêncio:"Salve, ó flores dos mártires, que na alvorada do cristianismo fostes massacrados pelo perseguidor de Jesus, como um violento furacão arranca as rosas apenas desabrochadas! Vós fostes as primeiras vítimas, a tenra grei imolada, num mesmo altar recebestes a palma e a coroa."


O episódio é narrado somente pelo evangelista Mateus, que se dirigia principalmente aos leitores hebreus e, portanto, tencionava demonstrar a messianidade de Jesus, no qual se realizaram as antigas profecias: "Quando Herodes descobriu que os sábios o tinham enganado ficou furioso. Mandou matar em Belém e nos arredores todos os meninos de dois anos para baixo, conforme o tempo que ele tinha apurado pelas palavras dos sábios. Foi assim que se cumpriu o que o profeta Jeremias tinha dito: Em Ramá se ouviu um grito: coro amargo, imensa dor. É Raquel a chorar seus filhos; e não quer ser consolada, porque eles já não existem." 

A origem desta festa é muito antiga. Aparece já no calendário cartaginês do século IV e cem anos mais tarde em Roma no Sacramentário Leonino. Hoje, com a nova Reforma Litúrgica, a celebração tem um caráter jubiloso e não mais de luto, como o era antigamente, e isto em sintonia com os simpáticos costumes medievais, que celebravam nestas circunstâncias a festa dos meninos do coro e do serviço do altar. Entre as curiosas manifestações temos aquela de fazer descer os cônegos dos seus lugares ao canto do versículo: "Depôs os poderosos do trono e exaltou os humildes."

Deste momento em diante, os meninos, revestidos das insígnias dos cônegos, dirigiam todo o ofício do dia. A nova liturgia, embora não querendo ressaltar o caráter folclórico que este dia teve no curso da história, quis manter esta celebração, elevada ao grau de festa por São Pio V, muito próxima da festa do Natal. Assim colocou as vítimas inocentes entre os companheiros de Cristo, para circundar o berço de Jesus Menino de um coro gracioso de crianças, vestidas com as cândidas vestes da inocência, pequena vanguarda do exército de mártires que testemunharão, com o sangue, a sua pertença a Cristo. 

Fontes:

sábado, 26 de dezembro de 2009

Santa Fabíola (+399), 27 de Dezembro



Foi uma das damas romanas que seguiram o caminho da santidade sob a influência de São Jerônimo. Durante um certo período, Fabíola viveu à margem da Igreja, pois havia se divorciado de seu marido dissoluto e contraído segunda união com outro homem (num período em que isto era completamente inaceitável perante a Igreja. Atualmente, esta situação está bastante mudada, inclusive com pastorais constituídas por casais em segundo vínculo - Nota da Tradutora).
Enfim, decidiu resolver sua situação civil de acordo com os parâmetros da época, sendo readmitida na Igreja. A partir desse momento, dedicou-se inteiramente à prática da caridade, destinando toda a sua fortuna para este fim.
A Fabíola se deve um desfecho significativo na história da nossa civilização: fundou, em Roma, o primeiro hospital cristão, público e gratuito em todo o Ocidente. Morreu santamente em 399.

Tradução e Adaptação:
Gisèle Pimentel
gisele.pimentel@gmail.com

Ver também: São João Evangelista

Fontes:

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Santo Estêvão, Diácono, Protomártir (Primeiro Mártir), (Século I d.C.), 26 de Dezembro

Depois do Pentecostes, os apóstolos dirigiam o anúncio da mensagem cristã aos mais próximos, aos hebreus, aguçando o conflito apenas acalmado da parte das autoridades religiosas do judaísmo. Como Cristo, os apóstolos conheceram logo as humilhações dos flagelos e da prisão, mas apenas libertados das correntes retomam a pregação do Evangelho. A primeira comunidade cristã, para viver integralmente o preceito da caridade fraterna, colocou tudo em comum, repartindo diariamente o que era suficiente para o seu sustento. Com o crescimento da comunidade, os apóstolos confiaram o serviço da assistência diária a sete ministros da caridade, chamados diáconos. 

Entre eles sobressaía o jovem Estêvão, que além de exercer as funções de administrador dos bens comuns, não renunciava ao anúncio da Boa Nova, e o fez com tanto sucesso que os judeus “apareceram de surpresa, agarraram Estêvão e levaram-no ao tribunal. Apresentaram falsas testemunhas, que declararam: ‘Este homem não faz outra coisa senão falar contra o nosso santo templo e contra a Lei de Moisés. Nós até o ouvimos afirmar que esse Jesus de Nazaré vai destruir o templo e mudar as tradições que Moisés nos deixou.’ " 

Estêvão, como se lê nos Atos dos Apóstolos, cheio de graça e de força, como pretexto de sua autodefesa, aproveitou para iluminar as mentes de seus adversários. Primeiro, resumiu a história hebraica de Abraão até Salomão, em seguida afirmou não ter falado contra Deus, nem contra Moisés, nem contra a Lei, nem fora do Templo. Demonstrou, de fato, que Deus se revelava também fora do Templo e se propunha a revelar a doutrina universal de Jesus como última manifestação de Deus, mas os seus adversários não o deixaram prosseguir no discurso, "taparam os ouvidos e atiraram-se todos contra ele, em altos gritos. Expulsaram-no da cidade e apedrejaram-no."

Dobrando os joelhos debaixo de uma tremenda chuva de pedra, o primeiro mártir cristão repetiu as mesmas palavras de perdão pronunciadas por Cristo sobre a Cruz: "Senhor, não os condenes por causa deste pecado." Em 415 d.C., a descoberta das suas relíquias suscitou grande emoção na cristandade. A festa do primeiro mártir foi sempre celebrada imediatamente após a festividade do Natal. 

Fontes:

Jacopone da Todi, Franciscano, Autor do Hino "Stabat Mater" (+ 1306), 25 de Dezembro



Jacopone (Jacopo) da Todi é um personagem muito pitoresco, mas quase desconhecido. Sua obra, relativamente importante, lhe assegura a merecida reputação de poeta e autor espiritual. Atribui-se-lhe a composição do "Stabat Mater dolorosa".

Sua vida
Os historiadores que se debruçaram sobre sua história crêem que ele nasceu numa família nobre, em Todi, por volta de 1228 e 1230. Jacopo estudou Direito, provavelmente na Universidade de Bolonha, como um de seus poemas autobiográficos nos dá a entender. Pensa-se que ele exerceu a profissão de advogado, e que ele se casou com uma nobre dama. Infelizmente, esta dama, que era linda e piedosa, morreu prematuramente, o que afetou muito o jovem esposo. 


Após ter renunciado à sua profissão, ele se engajou numa vida de penitência e não tardou a entrar para a Ordem Terceira Franciscana, levando uma vida relativamente retirada do mundo, descuidando-se de sua aparência e de suas roupas, vivendo como um vagabundo e entregando-se a toda sorte de excentricidades. Ele queria, assim, participar das humilhações sofridas por Jesus Cristo em Sua Paixão. Tendo sido ridicularizado pelos que o cercavam e mesmo pelas crianças das ruas, ele recebeu este apelido de Jacopone (no lugar de Jacopo), pelo qual ele é mais conhecido.

Sua obra
Jacopone escreveu sobretudo poemas, em dialeto úmbrio (italiano antigo), bem como alguns tratados de vida espiritual. Sua obra foi impressa, uma primeira vez, em 1490, em Florença, contendo 102 textos. Outras edições vieram depois, enriquecidas com outros poemas, provavelmente apócrifos (não oficiais). A edição de Veneza, em 1514 contém 139 poemas, e a edição de Veneza, de 1617, contém 211 peças. Seria muito útil podermos dispor de uma edição crítica moderna.


São inúmeros os estudos sobre a obra de Jacopone da Todi. Para termos uma noção da mesma, podemos consultar o site (The Franciscan Authorshttp://users.bart.nl/~roestb/franciscan/.



Fontes:


http://www.wikitau.org/index.php5/Jacopone_de_Todi


http://ecx.images-amazon.com/images/I/51GKP87Y38L._SL500_AA240_.jpg

Natal do Senhor Jesus, 25 de Dezembro


A história do Natal começou na véspera do nascimento de Jesus, quando, segundo a Bíblia, os anjos anunciaram a chegada do menino. Oficialmente, faz agora 2009 anos. Nessa altura, o imperador Augusto determinou o registro de toda a população do Império Romano por causa dos impostos, tendo cada pessoa, para o efeito de inscrever na sua localidade.


Segundo o Novo Testamento, José partiu de Nazaré para Belém, para esse efeito, e levou com ele a sua esposa, Maria, que esperava um Filho. Ao longo da viagem, chegou a hora de Maria dar à luz, e como a cidade estava com os albergues completamente cheios, tiveram de pernoitar numa gruta. Foi nessa região da Judéia, que Jesus nasceu.

Diz a Bíblia que um Anjo desceu sobre os pastores que guardavam os seus rebanhos durante a noite e disse-lhes:
«Deixai o que estais a fazer e vinde adorar o menino, que se encontra em Belém e é o vosso Redentor». Os pastores foram apressados, procurando o lugar indicado pelo Anjo, e lá encontraram Maria, José e o menino. Ao vê-lo, espalharam a boa nova.

Os primeiros registros da celebração do Natal têm origem na Turquia, a 25 de Dezembro, em meados do Século II. No ano 350, o Papa Júlio I levou a efeito uma investigação pormenorizada e proclamou o dia 25 de Dezembro como data oficial e o Imperador Justiniano, em 529, declarou-o feriado nacional. O período das festas alargou-se até à Epifania, ou seja vai desde 25 de Dezembro até 6 de Janeiro. O dia 6 de Janeiro é o chamado dia dos Reis Magos.

A religião Cristã foi, depois, abraçando toda a Europa, dando a conhecer a outros povos a celebração do Natal. Em Inglaterra, o primeiro arcebispo de Cantuária foi responsável pela celebração do Natal. Na Alemanha, foi reconhecido em 813, através do sínodo de Mainz. Na Noruega, pelo rei Hakon em meados de 900. E em finais do Século IX, o Natal já era celebrado em toda a Europa.

Os Evangelhos de São Lucas e São Mateus relatam a história do nascimento de Jesus. Só que, ao contrário do que julgávamos, Jesus não teria nascido no Inverno e sim na Primavera ou no Verão - os pastores não guardariam os rebanhos nos montes com o rigor do Inverno...

Em relação à data do nascimento de Jesus, existem algumas dúvidas. A estrela que guiou os Magos até à gruta de Belém deu lugar a várias explicações. Alguns cientistas afirmam que deverá ter sido um cometa. No entanto, nessa altura não há registro que algum cometa tivesse sido visto. Outros dizem que, no ano 6 ou 
7 a.C., houve um alinhamento dos planetas Júpiter e Saturno mas também não é muito credível, para que se considere esse o ano do nascimento de Jesus.

Por outro lado, a visita dos Reis Magos é comemorada 12 dias depois do Natal (Epifania) sendo tradicional festejar este acontecimento 
em pleno Inverno, a 6 de Janeiro. De qualquer forma, para além da certeza histórica de uma data, é o mistério do Nascimento de Jesus Cristo que os cristãos celebram. E esse é eterno!

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Santa Adélia de Pfalzel, Abadessa (+728), 24 de Dezembro










A tradição oral germânica nos conta que Adélia ou Adele era a irmã mais nova de Ermina, ambas princesas, filhas do rei da Austrásia, Dagoberto II, o Bom. Hoje todos são venerados nos altares como Santos da Igreja, embora esse parentesco ainda seja motivo de controvérsias e por isso continua sendo pesquisado. 


Adélia foi identificada também como a abadessa Adola, a quem Elfrida, abadessa do mosteiro de Streaneshalch, teria enviado uma carta. Também como Adula, "religiosa matrona nobilis", que se hospedou no mosteiro de Nivelles em 17 de março de 691, com um filho pequeno. Consta que Adélia, depois da morte de seu marido, Alderico, influente nobre da região, decidiu se recolher para a vida religiosa. Para isso, fundou o mosteiro de Pfalzel, na região de Treves, atual Alemanha, onde ingressou e foi a primeira abadessa. Escolheu as regras dos monges beneditinos, como pertenciam os de Ohren e de Nivelles, o primeiro fundado por sua irmã a futura Santa Ermina. 

No mosteiro havia um hospede freqüente, o neto da abadessa, um rapaz esperto e vivaz. Seu nome era Gregório e, como conhecia o latim, ficou encarregado de ler em voz alta os textos sagrados, enquanto as religiosas estivessem no refeitório. Certo dia, no ano de 722, passou pelo mosteiro um monge inglês de nome Bonifácio. Ele estava retornando da sua primeira missão na Frísia. Foi acolhido como hospede, mesmo não sendo conhecido. Mas naquele exato momento todos estavam no refeitório, onde o jovem Gregório lia uma bela página latina do Evangelho. 

Terminada a leitura, Bonifácio se aproximou dele e expressou seus cumprimentos, mas lhe pediu que explicasse o que acabara de ler. Gregório tentou repetir a leitura, mas Bonifácio o impediu, pedindo que o jovem explicasse no seu próprio idioma. Ocorre que mesmo lendo muito bem o latim, não conseguia compreender o que realmente o texto dizia. "Deixe que eu mesmo explicarei para todos os presentes" disse o monge estranho. Explicou o texto latino com tanta clareza, o comentou com tamanha profundidade e de maneira tão convincente, que deixou todos os ouvintes encantados. 

O mais atingido de todos foi Gregório, a ponto de não querer mais se separar do monge que ninguém sabia de onde era. Porém, apesar das preocupações de avó, Adélia permitiu que o neto partisse ao lado de Bonifácio, confiando na sua intuição religiosa e na Providência Divina. Muitos anos depois Gregório se tornou o Bispo de Utrecht e foi um dos melhores discípulos de Bonifácio, o "apóstolo da Germânia" e Santo da Igreja.

Adélia morreu pouco tempo depois, num dia incerto do mês de dezembro no ano 734, e foi sepultada no mosteiro de Pfalzel. Passados mais de onze séculos, em 1868 as suas relíquias foram transferidas para a igreja da paróquia de São Martinho. 



O culto litúrgico em memória de Santa Adélia de Pfalzel foi autorizado pela Igreja. São duas as celebrações em dezembro, nos dias: 18, com uma festa local; e no dia 24, junto com Santa Ermina, que sem dúvida alguma é sua irmã na fé.

Fontes: 
www.catolicanet.com.br
http://www.ciriodenazare.com.br/v2.0/?action=Santo.show&id=617
http://www.espacoadelia.com.br/imagens/santa-adelia.jpg
http://www.evangelhoquotidiano.org/zoom_img.php?frame=38638&language=FR&img=&sz=full