segunda-feira, 27 de abril de 2009

São José Operário - Dia Mundial do Trabalhador, 1º de Maio


São José é venerado de modo especial no dia 19 de março. Ele é um dos santos mais conhecidos e amados no cristianismo, tanto assim que inspirou o nome a dezenas de santos da Igreja e também a outros cristãos, que neste dia comemoram seu onomástico (festa pelo mesmo nome do santo do dia).
O nome José, em hebraico, significa: "Deus cumula de bens" e, sem dúvida, este conhecido carpinteiro de Nazaré, foi cumulado de bens ao aceitar sua missão de esposo da Virgem Maria e pai adotivo de Nosso Senhor Jesus Cristo:

 Ao despertar, José fez o que o Anjo do Senhor lhe prescrevera: acolheu em sua casa a sua esposa.”
(Mt 1,24)

A grande devoção dos cristãos para com São José está fundamentada nas Sagradas Escrituras e na Sagrada Tradição. Portanto, é com realismo que São José é reconhecido e invocado como modelo de pai, operário, protetor da Sagrada Família e da grande Família de Deus, que é a Igreja.
Embora na Bíblia pouco se fale sobre a figura de São José, o que nos é comunicado testemunha com clareza seu papel indispensável à missão do Cristo. Homem justo, trabalhador, silencioso e com fé, tornou suficientemente trabalhado pelas mãos do Oleiro divino a ponto de ser constituído elo entre o Antigo e o Novo Testamento, podendo conferir a Jesus a linhagem de Davi. Tudo isto foi possível somente porque São José, acima de tudo, foi um homem de fé e coragem, como nos atesta São Mateus:

”José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois o que nela foi concebido vem do Espírito Santo. Despertando, José fez como o anjo do Senhor lhe havia mandado e recebeu em sua casa sua esposa” (Mt 1,20b.24).

Basta que tracemos um paralelo entre a vida cheia de sacrifícios de São José, que trabalhou a vida toda para ver Nosso Senhor Jesus Cristo dar a vida pela humanidade, e a luta dos trabalhadores do mundo todo, pleiteando respeito a seus direitos mínimos, para entender os motivos que levaram o papa Pio XII a instituir a festa de “São José Operário”, em 1955, na mesma data em que se comemora o Dia do Trabalho, ou do Trabalhador, em quase todo o planeta.
No dia 1º de maio de 1886, em Chicago, maior parque industrial dos Estados Unidos à época, os operários de uma fábrica se revoltaram contra a situação desumana a que eram submetidos por seus patrões, ou seja, um total desrespeito à pessoa humana. Eram trezentos e quarenta operários em greve e a polícia, a serviço dos poderosos, massacrou-os sem piedade. Mais de cinquenta ficaram gravemente feridos e seis deles foram assassinados num confronto desigual. Este dia foi, então, consagrado em homenagem a eles.
São José é o modelo ideal do operário. Sustentou sua família durante toda a vida com o trabalho de suas próprias mãos, cumpriu sempre seus deveres para com a comunidade, ensinou ao Filho de Deus a profissão de carpinteiro e, dessa maneira suada e laboriosa, permitiu que as profecias se cumprissem e seu povo fosse salvo, assim como toda a humanidade.
Proclamando são José como protetor dos trabalhadores, a Igreja quis demonstrar que está ao lado deles, os mais oprimidos, dando-lhes como patrono aquele que aceitou ser o pai adotivo de Deus feito homem, mesmo sabendo o que poderia acontecer à sua família. José lutou pelos direitos da vida do ser humano e, agora, coloca-se ombro a ombro na luta pelos direitos humanos dos trabalhadores do mundo inteiro, por meio dos membros da Igreja que aumentam as fileiras dos que defendem os operários e seu direito a uma vida digna.
Muito acertada mais esta celebração ao homem “justo” do Evangelho, que tradicional e particularmente também é festejado no dia 19 de março, onde sua história pessoal é relatada.
  
Fontes:
 http://200.195.151.19/ciesc/uni_inst.php?itop_id=111&PoUni=15
 http://alexandrinabalasar.free.fr/jose_operario.htm

São José Bento Cottolengo, Confessor, Fundador, 30 de Abril


São José Bento Cottolengo nasceu em de maio de 1786 em Brá, no Piemonte, Itália. Ingressou no Seminário de Turim aos 17 anos de idade e, aos 25 anos, foi ordenado sacerdote.

Fundou a Pequena Casa da Divina Providência e as Damas da Caridade ou Cottolenguinas, (vicentinas), cuja finalidade é o serviço aos pequeninos, aos deficientes, aos doentes. Dizia a respeito da "Pequena Casa da Divina Providência": “Chama-se ‘Pequena Casa’ porque, em comparação com o universo, que é igualmente Casa da Divina Providência, é, com toda certeza, bem pequena”.




A confiança em Deus, que a tudo provê, lhe era tão grande que jamais o Senhor Deus lhe faltou nas horas difíceis e de necessidade. Certa vez, nosso querido santo afirmou: "Quando chegar a hora do almoço, a Providência não se esquecerá de que os pobres têm que almoçar".

São José Cottolengo tinha como lema "caridade e confiança": fazer todo o bem possível e confiar sempre em Deus. Morreu em 30 de abril de 1842, aos 56 anos. Foi beatificado em 1917 pelo Papa Bento XV e, posteriormente, canonizado pelo Papa Pio XI, em 1934.

 

Devoção

São José Bento Cottolengo nos ensina a buscar viver a caridade e a confiança em Deus. Ele é padroeiro dos desanimados.

 

Oração

Deus, nosso Pai, São José Bento Cottolengo fez-se pobre entre os pobres. E, confiante na Divina Providência, não se apoiava na sua suficiência pessoal ou na segurança material. Com fé inabalável entregou-se de corpo e alma à tarefa de mudar a situação dos desvalidos, dos enfermos e necessitados. Pela fé, operastes mediante São José Bento Cottolengo coisas maravilhosas, e a sua obra permanece até hoje espalhada por todo o mundo, como sinal e testemunho vivo de que Vós, Senhor, sois um Deus fiel. Senhor, também nós, segundo a missão que a nós confiastes nesta terra, partilhemos a sorte de nossos irmãos necessitados e jamais lhe neguemos a nossa ajuda. É por meio de nós, Vossos filhos, que Vós agis no mundo e manifestais o Vosso amor no meio dos homens.

Amém.

 

 

Fontes:

 

http://www.asj.org.br/educacao_galeriadossantos.asp?codigo=192

 

http://it.wikipedia.org/wiki/File:Giuseppe_Benedetto_Cottolengo.jpg

 

http://it.wikipedia.org/wiki/File:Piccola_Casa_della_Divina_Provvidenza_Torino.JPG

domingo, 26 de abril de 2009

Santa Catarina de Sena, Doutora da Igreja, Mística, Dominicana Terceira, 29 de Abril


Santa Catarina nasceu em Sena, Itália, no dia 25 de março de 1347. Na Europa, a peste negra e as guerras semeavam o pânico e a morte. A Igreja sofria com suas divisões internas e com a existência de "antipapas" (chegaram a existir três papas, simultaneamente).
Desejando seguir o caminho da perfeição, aos 15 anos Catarina ingressou na Ordem Terceira de São Domingos. Viveu um amor apaixonado e apaixonante por Deus e pelo próximo. Lutou ardorosamente pela restauração da paz política e pela harmonia entre os seus concidadãos. Contribuiu para a solução da crise religiosa provocada pelos antipapas, fazendo com que Gregório XI voltasse a Roma. Embora analfabeta, ditava as suas cartas endereçadas aos papas, aos reis e líderes, como também ao povo humilde. Foi, enfim, uma mulher empenhada social e politicamente e exerceu grande influência religiosa na Igreja de seu tempo.
As suas atitudes não deixaram de causar perplexidade nos seus contemporâneos. Adiantou-se séculos aos padrões de sua época, quando a participação da mulher na Igreja era quase nula ou inexistente. Deixou-nos o "Diálogo sobre a Divina Providência", uma exposição clara das suas ideias teológicas e da sua mística, o que coloca Santa Catarina de Sena entre os Doutores da Igreja.
Morreu aos 33 anos de idade, no dia 29 de abril de 1380.                          

Fontes:

São Pedro Maria Chanel, Presbítero, Mártir, Padroeiro da Oceania (+1841), 28 de Abril



São Pedro Maria Chanel é o padroeiro da Oceania. Nasceu em Cuet, França, no ano de 1803. Em 1824, ingressou no seminário de Bourge, em 1827, foi ordenado sacerdote.
Foi vigário de Amberieu e de Gex. Entrou depois para a Sociedade de Maria, sob a orientação do Padre Colin. Em 1837, partiu na companhia de um confrade leigo para Futuna, uma pequena ilha no Oceano Pacífico, no arquipélago de Tonga.
A sua pregação logo produziu frutos abundantes entre a geração jovem da ilha. Mas logo veio a reação e a oposição dos líderes mais antigos que, ciosos das suas tradições e costumes, sentiam-se ameaçados pelo "sacerdote branco".
Avisado pelos amigos para que deixasse a ilha devido ao risco que corria, Pedro ignorou o aviso e decidiu permanecer, continuando a sua pregação. O seu martírio deu-se no dia 28 de abril de 1841. O seu sacrifício não foi em vão. A semente de sua pregação germinou e todos os habitantes da ilha acolheram o cristianismo.

Fontes:
http://www.evangelhoquotidiano.org/main.php?language=PT&module=saintfeast&localdate=20090428&id=10547&fd=0
http://www.evangelhoquotidiano.org/zoom_img.php?frame=31905&language=PT&img=&sz=full

Santa Zita, Leiga, Padroeira das Empregadas Domésticas, 27 de Abril



Santa Zita nasceu em 1218, em Monsagrati, nos arredores da cidade de Lucca. Filha de camponeses, aos 12 anos foi trabalhar como empregada doméstica na casa de uma rica família. Sempre se perguntava: "Isto agrada ao Senhor?", ou "Isto desagrada a Jesus?"
Foi-lhe confiado o encargo de distribuir as esmolas toda sexta-feira. Dava do seu pouco, da sua comida, das suas roupas, daquilo que possuía, das suas parcas economias. Dizem que, um dia, foi surpreendida enquanto socorria os necessitados. Mas, no seu avental, o que era alimento converteu-se em flores.
Durante 48 anos foi doméstica. Na hora de sua morte, tinha ajoelhada a seus pés toda a família Fatinelli, a quem servira toda a vida. Partiu para o Céu no dia 27 de Abril de 1278. Pio XII proclamou-a padroeira das empregadas domésticas do mundo inteiro.

Fontes:
http://www.levangileauquotidien.org/zoom_img.php?frame=56073&language=PT&img=&sz=full

sexta-feira, 24 de abril de 2009

São Bento Menni, Presbítero, Reformador (+1914), 26 de Abril

Ângelo Hércules nasceu e foi batizado em 11 de março de 1841 em Milão. No dia 1º de maio de 1860 entrou na Ordem Hospitaleira de São João de Deus, recebendo o hábito e iniciando o noviciado, com o nome de Frei Bento. Em 14 de outubro de 1866 é ordenado Sacerdote.

Animado por Pio IX, recebe em 1867 a missão de restaurar a Ordem na Espanha, fundando nesse ano o primeiro asilo-hospital da Ordem em Barcelona. Apesar das muitas peripécias de índole política na Espanha, compra um terreno e uma casa em Ciempozuelos, e neste local recebe, em 1880, Maria Josefa Recio e Maria de las Angustias Jimenez, que seriam as primeiras Irmãs. Começa assim a congregação das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração.
Bento Menni foi o restaurador da Ordem Hospitaleira não só na Espanha, mas também em Portugal e no México. Em Portugal, no ano de 1893, compra uma propriedade agrícola e inicia as primeiras fundações no Telhal.
Morre em 24 de abril de 1914. É solenemente beatificado em 23 de junho de 1985 por Sua Santidade o Papa João Paulo II e, por fim, é canonizado pelo mesmo Sumo Pontífice em 21 de novembro de 1999.

Fonte:
http://www.isjd.pt/site/index.php?menu=menu1c

São Marcos Evangelista (Século I) , 25 de Abril



Admite-se que o autor do Segundo Evangelho e o Marco - primo de Barnabé, de que se fala nos Atos e nas Epístolas - sejam uma só e a mesma pessoa.
Marcos e Maria viviam em Jerusalém. A sua casa servia de local de reunião dos primeiros cristãos. Discípulo de São Paulo, esteve ao seu lado quando este ficou preso em Roma. Foi também discípulo de São Pedro, "a que (Igreja) está em Babilônia, eleita como vós, vos saúda, como também Marcos, o meu filho" (I Pedro 5, 13s).
Santo Irineu, Tertuliano e Clemente de Alexandria atribuem decididamente a Marcos, discípulo e intérprete de São Pedro, o segundo Evangelho. Críticos modernos afirmam que o Evangelho de Marcos foi escrito por volta dos anos 60/70, sendo dirigido aos cristãos de Roma.


Fontes:
http://www.levangileauquotidien.org/zoom_img.php?frame=36273&language=PT&img=&sz=full

quinta-feira, 23 de abril de 2009

São Fidélis (Fiel) de Sigmaringa, Mártir (+1622), 24 de Abril


São Fidélis nasceu em 1577, em Sigmaringa, na Alemanha. Estudou na Universidade de Fribourg, na Suíça. Formou-se em Direito e, por vários anos, exerceu o seu ofício em Colmar, na Alsácia. Ali era chamado de "o advogado dos pobres", porque prestava os seus serviços gratuitamente a quem não podia pagar. 
Aos 34 anos, ingressou no convento dos Capuchinhos de Fribourg e, em 1612, tornou-se frade. A pedido de Gregório XV, foi enviado à Récia (Suíça), a fim de combater a heresia *calvinista. Acusado de espionagem ao serviço do imperador austríaco, os calvinistas tramaram a sua morte, que ocorreu em Grusch. 
Dizem que, ferido por um golpe de espada, pôs-se de joelhos e perdoou aos seus assassinos, rezando por eles esta oração: "Senhor, perdoai meus inimigos. Cegos pela paixão, não sabem o que fazem. Senhor Jesus, tende piedade de mim. Santa Maria, Mãe de Jesus, assisti-me. Amém". 

*calvinista: Quem seguia, praticava a doutrina de João Calvino, o calvinismo. Maiores detalhes em: http://www.unificado.com.br/calendario/05/calvino.htm


Fontes:

Beata Teresa Maria da Cruz (Teresa Manetti), Religiosa Carmelita, Fundadora (+ 1910), 23 de Abril



Fundadora da Congregação

das Carmelitas de Santa Teresa


Martirológio Romano: Em Campo Bisenzio,Toscana, na Itália, faleceu a beata Teresa Maria da Cruz Menetti, religiosa carmelita, fundadora da Congregação das Carmelitas de Santa Teresa (1910). 


Etimologicamente: Teresa = Aquela que é boa caçadora (palavra de origem grega).


Teresa Adelaida Cesina Manetti nasceu numa família humilde em San Martinoem Campo Bisenzio (Florença, Itália), em 2 de março de 1846.

Chamavam-na familiarmente de “Bettina”. Ficou órfã de pai muito cedo e logo conheceu a dureza da vida. Apesar disso, ajudava aos pobres, privando-se até do que lhe era mais necessário.

Em 1872, juntamente com algumas amigas, retirou-se numa casinha no campo onde “oravam, trabalhavam e reuniam algumas jovens para educá-las com boas leituras e ensinar-lhes a doutrina cristã”.

Em 16 de julho de 1876, foram admitidas na Ordem Terceira do Carmelo Teresiano, e mudou seu nome para Teresa Maria da Cruz.

Em 1877, recebeu as primeiras órfãs, cujo número foi crescendo dia a dia. Aquelas meninas abandonadas eram seu “maior tesouro”.

Em 12 de julho de 1888, as 27 primeiras religiosas vestiram o hábito da Ordem das Carmelitas Descalças, às quais se haviam juntado em 12 de junho de 1885.

Em 27 de fevereiro de 1904, o Papa Pio X aprovou o Instituto de nome “Carmelitas Terceiras de Santa Teresa”.

Madre Teresa Maria viu, com grande alegria, o Instituto estender-se até a Síria e o Monte Carmelo, na Palestina.Sua saúde sempre foi muito frágil, e também foi duramente provada em seu espírito; por isso, o sobrenome “da Cruz” lhe assentava muito bem. Subiu corajosamente até o seu “Calvário” e, freqüentemente, dizia: “Tritura-me, Senhor, espreme-me até a última gota!”

Sua caridade não tinha limites. Entregava-se a todos e em tudo, esquecendo-se sempre de si mesma. O bispo Andrés Casullo, que a conhecia muito bem, afirmava a seu respeito: “Ela deixava de viver a própria vida para fazer o bem.”

Depois de passar por noites escuríssimas, Madre Teresa, preparada pela graça de Deus, recebeu a morte na sua terra natal, em 3 de abril de 1910, enquanto repetia uma vez mais: “Ó meu Jesus, eu quero sofrer mais...” E murmurava em êxtase: “Está aberto!... Já vou!”

Seus escritos, ao mesmo tempo simples e profundos, foram aprovados em 27 de novembro de 1937. O Papa João Paulo II a beatificou em 19 de outubro de 1986.



Tradução:
Gisèle Pimentel
gisele.pimentel@gmail.com


Fontes:


terça-feira, 21 de abril de 2009

Santa Senhorinha, Abadessa (+982), 22 de Abril

Nasceu em 924, provavelmente em Vieira do Minho, Portugal. Senhorinha não era o seu nome de batismo, mas um apelido carinhoso que seu pai, o conde de Basto, lhe dava.
Fez-se monja aos 15 anos, recusando um nobre pretendente, e aos 36 anos era abadessa do mosteiro de Vieira. A sua vida foi cheia de manifestações do amor e da grandeza de Deus, tendo-lhe sido atribuídos numerosos milagres ainda antes da sua morte, ocorrida a 22 de abril de 982.
O seu túmulo foi, ao longo da Idade Média, um grande centro de peregrinações, contando-se entre seus grandes devotos os reis Dom Sancho I e Dom Pedro I. A igreja de São Victor, em Braga, guarda um notável conjunto de azulejos alusivos à vida de Santa Senhorinha.











Fontes:

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Santo Anselmo de Cantuária, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja (+1109), 21 de Abril



LUMINAR DA IGREJA NO SÉCULO XI

Bispo, Confessor e Doutor da Igreja, considerado o primeiro teólogo-filósofo, muitos de seus ensinamentos e textos passaram para o ensino comum da Igreja. Arcebispo de Cantuária, Reino Unido, lutou destemidamente pelos direitos de sua Sé contra a prepotência de reis ingleses.


Anselmo nasceu em Aosta, na Itália, em 1033. Era filho do nobre Gondulfo e da piedosa Ermenberga, verdadeira matrona cristã. Formado na escola da mãe, entregou-se cedo à virtude e, segundo seu primeiro biógrafo, era amado por todos, tendo muito sucesso nos estudos. Bons tempos aqueles, em que as pessoas virtuosas eram amadas, e não perseguidas. Aos 15 anos já se preocupava com altas questões metafísicas e teológicas, e quis entrar num mosteiro. Mas os monges negaram-lhe a entrada, por medo de desagradar ao seu pai.
Não podendo ingressar na vida religiosa, Anselmo entregou-se gradualmente aos prazeres mundanos, só não chegando a excessos por amor à sua mãe, a quem não queria desagradar. Mas essa âncora, que ainda evitava que ele se afogasse no mar do mundo, faltou-lhe. Com o falecimento de sua genitora, quando Anselmo tinha 20 anos, seu pai tornou-se mal-humorado e violento, maltratando frequentemente o filho. Anselmo resolveu então fugir de casa, acompanhado por um servo. Vagou pela Itália e pela França, conheceu a fome e a fadiga, até que chegou ao mosteiro de Bec, na França, onde havia a escola mais afamada do século XI, dirigida por seu famoso conterrâneo, Lanfranco.

 

Discípulo suplanta o mestre

Anselmo tornou-se discípulo e amigo de Lanfranco, e entregou-se então vorazmente ao estudo, esquecendo-se às vezes até das refeições e recreação. “Seus progressos eram tão admiráveis quanto sua amabilidade, e logo foi tido como um prodígio de saber e seus condiscípulos creram que fazia milagres, por sua piedade e virtude.”
Apesar de todos os seus sucessos, Anselmo tinha uma grande perplexidade: “Estou resolvido a fazer-me monge; mas, onde? Se vou para Cluny, todo o tempo que dediquei às letras terá sido perdido para mim; e o mesmo se permaneço em Bec. A severidade da disciplina em Cluny e a ciência de Lanfranco, em Bec, tornarão inúteis todos os meus estudos. Assim pensava, em meu orgulho. Mas, em meio à luta, senti a ajuda divina: o quê?! É próprio de um monge buscar as honras, os louvores, a celebridade? Claro que não. Pois bem, far-me-ei monge onde possa pisotear minhas ambições, onde seja estimado menos que os demais, onde seja pisoteado por todos.”
E resolveu permanecer em Bec, onde foi ordenado sacerdote em 1060. Mas se ele fugia das honras, estas o perseguiam. Em 1066 foi eleito Abade de Bec. E seu primeiro biógrafo, Eadmer, conta a pitoresca e comovente cena ocorrida nessa ocasião, típica da Idade Média: o eleito abade prosterna-se diante de seus irmãos, pedindo-lhes com lágrimas que não o onerassem com aquele fardo, enquanto os irmãos, também prosternados, insistem com ele para que aceite o ofício.
Sob sua direção, Bec alcançou sua maior celebridade, sendo para a Normandia e Inglaterra o que Cluny era para a Borgonha, França e Itália.
Em Bec “escreveu vários de seus livros, que abrem um novo caminho para o estudo da Teologia e se distinguem pela profundidade de pensamento, delicadeza de investigação, ousado vôo metafísico que, não obstante, nunca se separa do terreno da fé tradicional”.

 

Combates em defesa da Fé

No século XI, a importância de um abade era enorme, pois estava ligada a todo o movimento religioso e político do país. Assim, Anselmo teve que viajar várias vezes para a Inglaterra, por interesses de seu  convento. Lá encontrou novamente Lanfranco, então Arcebispo de Cantuária, tornando-se também muito estimado na corte. “Guilherme, o Conquistador, ele próprio tão temível e inacessível aos ingleses, se humanizava com o Abade de Bec e parecia tornar-se todo outro em sua presença.”
O amável abade era uma figura imponente e majestosa, mas sempre serena. A calma era um dos seus traços característicos. Era também um grande lutador: “Enquanto luta com os senhores da região em defesa de seu mosteiro, defende a pureza da fé contra Berengário, discute com os hereges e confunde o racionalista Roscelino.”
Em 1087, Guilherme II, o Ruivo, sucedeu seu pai no trono da Inglaterra. Príncipe “que temia a Deus muito pouco, e nada aos homens”, tornar-se-ia um espinho na vida de Anselmo. Ele se apoderava das rendas das Sés vacantes e, para gozar mais esses privilégios, não queria nomear novos bispos para as preencherem.
Ora, Anselmo, que já havia sucedido Lanfranco como Abade de Bec, foi escolhido pelo povo para sucedê-lo também, à sua morte, na Sé de Cantuária. Disso não queria saber nem o abade, por humildade, nem o rei, por prepotência, pois dizia: “O Arcebispo de Cantuária sou eu!”

 

Arcebispo de Cantuária contra a vontade

A Providência veio resolver o caso. Atacado por estranha doença, o rei viu-se reduzido a uma situação extrema, e temeu por sua alma. Os prelados e barões então pressionaram-no para que não deixasse mais vacante a Sé de Cantuária; e ele, cedendo aos desejos do clero e do povo, nomeou Anselmo.
Como este continuasse recusando o cargo, sucedeu então outra cena que só podia acontecer naqueles tempos: “Ele [Anselmo]  foi arrastado à força até o lado do leito do Rei, um báculo foi enfiado em sua mão fechada, e o Te Deum foi cantado”. Contra a vontade, Anselmo tornou-se assim Arcebispo de Cantuária.
Entretanto, o arrependimento do rei foi-se com a doença. Apenas restabelecido, tentou dobrar o Arcebispo, que se opôs à alienação das terras da arquidiocese em favor de apaniguados do rei. Começou uma verdadeira batalha entre altar e trono, e Anselmo preferiu exilar-se no continente a renunciar aos seus princípios. Essa tendência absolutista dos soberanos ingleses manifestar-se-á no século seguinte com o martírio de São Tomás Becket, e, no século XVI, com o cisma de Henrique VIII.

 

Luminar do Concílio de Bari

Em Roma, Anselmo foi recebido por Urbano II, que o convenceu a voltar para sua diocese. Mas antes participou ele do Concílio de Bari, em 1098, do qual foi um dos luminares, desfazendo o sofisma dos gregos, que negavam que o Espírito Santo procede do Pai e do Filho. Para isso pronunciou belo discurso, que depois se tornou um tratado intitulado Da procedência do Espírito Santo. Na Itália escreveu outro tratado, Cur Deus homo, e regressou à Inglaterra em 1100, a pedido de Henrique, que sucedera no trono a seu pai, Guilherme, morto impenitente durante uma caçada.
Para melhor praticar a obediência, Anselmo havia pedido ao Papa que lhe desse alguém a quem ele pudesse se submeter em todas as ações, como um monge ao seu superior. O Papa designou para esse ofício o monge Eadmer, que se tornou amigo íntimo, discípulo e biógrafo do Santo.

 

Desterro do Santo Arcebispo

Henrique II, querendo assegurar para si o trono em detrimento de seu irmão mais velho, Roberto, que voltava da Cruzada na Terra Santa, restituiu à Igreja todos os seus antigos direitos e prometeu não vender os terrenos vazios nem arrendá-los ou retê-los em benefício do Tesouro. Por uma série de medidas assim também no campo civil, obteve a simpatia do clero e o povo em seu favor.

Quando Roberto chegou à frente de um exército para reivindicar seus direitos, o Arcebispo Anselmo conseguiu que os ingleses permanecessem na fidelidade a Henrique II, e que ambos entrassem num acordo pelo qual Roberto ficaria com a Normandia e passaria a receber uma renda anual de três mil marcos. Para mostrar que o filho não era melhor que o pai, na primeira oportunidade Henrique atacou Roberto de surpresa, derrotou-o, fazendo-o prisioneiro até o fim da vida.
Também a aliança entre Henrique II e Anselmo em breve se rompeu devido à contínua questão das investiduras. O Arcebispo mantinha-se firme, escudado pelos decretos de Bari e Roma, e o rei alegava o que considerava prerrogativas da Coroa.
Para resolver a questão, Santo Anselmo resolveu ir mais uma vez a Roma. Mas ao voltar foi impedido de entrar no país, e teve que permanecer três anos no desterro, no continente. Sob pena de excomunhão lançada pelo Papa, Henrique II finalmente chegou a um acordo com o Arcebispo, que pôde voltar assim à sua Sé.

Homem de governo, de letras, santo

Os últimos anos da vida de Anselmo transcorreram em atividades para a reforma de sua diocese e em trabalhos literários.

“A virtude havia feito dele o tipo do homem de governo, se bem que a posteridade o tenha recordado sobretudo como homem de letras, poeta, filósofo, polemista e escriturista. Em seus cantos a Maria, a facilidade e o sentimento não cedem em nada ao frescor e sinceridade da inspiração”.
Seis meses antes da morte, Santo Anselmo foi tomado por extrema fraqueza, que não lhe permitia sequer celebrar o Santo Sacrifício. Ele se fazia transportar diariamente à capela para assisti-la.
Na véspera de sua morte, esse homem fecundo, sempre em elucubrações metafísicas e teológicas, lamentava que não tivesse tido tempo para escrever um tratado sobre a origem da alma, tema sobre o qual havia meditado constantemente.
Enfim, carregado de anos e de virtude, faleceu no dia 21 de abril de 1109, sendo canonizado pelo Papa Alexandre III.
Plínio Maria Solimeo

Fonte: