segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Santos Marão e Auxêncio de Bithynia, Eremitas († 473), 14 de Fevereiro

São Marão optou por morar isoladamente, longe da cidade de Cirrus, na Síria, onde, em espírito de mortificação, vivia quase sempre sob as intempéries. Tinha apenas uma pequena cabana coberta com peles de cabra para abrigar-se, em caso de necessidade. Certa vez, entrou nas ruínas de um templo pagão e o dedicou ao culto do verdadeiro Deus transformando-o em casa de oração. São João Crisóstomo o estimava muito e, freqüentemente, lhe escrevia, desde a época em que estava desterrado em Cucusus. Recomendava-se às suas orações e lhe pedia que sempre enviasse noticias com a maior freqüência possível. São Marão tinha tido por mestre São Zebino que era um homem de oração assídua. Dizia-se dele que passava dias e noites inteiras em oração, sem experimentar cansaço. Geralmente rezava de pé, mesmo quando já era ancião, apoiando-se em um báculo. Aos que por ele procuravam, era breve, tanto quanto possível, para ter mais tempo de conversar com Deus.
São Auxêncio passou a maior parte de sua longa vida como ermitão em Bithynia. Em sua juventude foi um dos guardas de Teodósio, o Jovem. Seus deveres militares, que cumpria com fidelidade, não o impedia de cumprir com suas obrigações religiosas. Todo o seu tempo livre passava na solidão e em oração. Visitava com freqüência os santos monges ermitãos que moravam próximos e lhes pedia pousada a fim de poder, com eles passar uma noite, fazendo exercícios penitenciais e cantando louvores a Deus. Tempo depois, levado por um forte desejo de perfeição e temor da vanglória, adotou a vida eremítica. Fundou seu eremitério na montanha de Oxia, distante 12 quilômetros de Constantinopla. Nesse lugar foi muito procurado e tinha forte influência por sua fama de santidade.
No Quarto Concilio Ecumênico realizado em Calcedônia, Concílio este que condenou a heresia de Eutíquio, Auxêncio foi chamado pelo imperador Marciano para depor, justificando de acusações que sobre ele caíram. Novamente em liberdade, não retornou a Oxia, indo para uma cela mais próxima de Calcedônia, em Skopas. Ali permaneceu, entregando-se a uma vida mais austera, instruindo os seus seguidores até sua morte que aconteceu, provavelmente, em 14 de fevereiro de 473. O historiador Sozemeno escreveu sobre sua vida, sua fé e sua intimidade com fervorosos ascetas.
Tradução e publicação neste site com permissão de: Ortodoxia.org
Trad.: Pe. Pavlos

Ver também:

Fonte:
http://ecclesia.com.br/synaxarion/?p=3374#more-3374

sábado, 12 de fevereiro de 2011

São Martiniano de Cesaréia, Monge, Eremita (+ 400), 13 de Fevereiro

Martiniano era um monge eremita, mas acabou se tornando um andarilho para que o pecado nunca o achasse "em endereço fixo".
Martiniano era natural da Cesaréia, na Palestina, nasceu no Século IV. Desde a tenra idade decidiu ligar sua vida a Deus e, aos dezoito anos, ingressou numa comunidade de eremitas, não muito distante da sua cidade, onde se entregou à vida reclusa, vivendo ali durante sete anos. A fama de sua sabedoria percorreu a Palestina, e Martiniano passou a ser procurado por gente de todo o país que lhe pedia conselhos, orientação espiritual, a cura de doenças e até a expulsão de maus espíritos. Ganhou fama de santidade e essa fama atraiu Cloé, uma jovem cortesã.
Cloé era milionária, bela e conhecida como uma mulher de costumes arrojados e pouco recomendáveis. Fez uma espécie de aposta em seu círculo de amizades e afirmou que faria o casto monge se perder. Trocou suas roupas luxuosas por farrapos e procurou Martiniano, pedindo abrigo. Ele deixou que entrasse, acomodou-a e foi para os aposentos do fundo da casa, onde rezou entoando cânticos de louvor ao Senhor, antes de se recolher para dormir. Mesmo assim, Cloé não desistiu. Pela manhã trocara os farrapos por uma roupa muito sensual, aguardando o ingresso do monge nos aposentos internos da casa, o que não tardou a acontecer. Então, ela utilizou argumentos espertos tentando seduzir Martiniano, mas, ao invés disso, acabou sendo convertida por ele. A partir de então, Cloé se recolheu ao convento de Santa Paula, em Belém, passando ali o resto de seus dias, santificando-se na vida religiosa consagrada a Deus.
Por sua vez, Martiniano, que chegou a sentir-se tentado, mudou-se dali para uma ilha. Porém, certa vez, naquelas águas que rodeavam a ilha ocorreu um naufrágio de um navio e uma jovem passageira chamada Fotinia, que havia se salvado, pediu-lhe abrigo. Ele consentiu que ela ficasse, mas para não sentir a tentação novamente abandonou o lugar a nado, apesar do continente ficar muito distante. A tradição diz que ele não nadou, mas que Deus mandou dois golfinhos para apanhá-lo e levá-lo à terra firme, são e salvo.
O fato é que, depois disso, tomou uma decisão radical: tornou-se andarilho para nunca mais ter de abrigar ninguém e sofrer as tentações carnais. Vivia da caridade alheia e morreu em Atenas, no ano 400, depois de parar a caminhada numa igreja da cidade. Sabia que o momento chegara, recebeu os Sacramentos e partiu para a Casa do Pai serenamente, na santa paz.

Ver também:

Fontes:
http://alexandrinabalasar.free.fr/martiniano_de_cesareia.htm
http://t2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcT6kGuIdoFJPc2HtNQeEVQWpUQGQMsqwBd47d3TFV1VpEzJoNL4&t=1

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Beato Reginaldo de Orléans, Dominicano (1175-1220), 12 de Fevereiro

Reginaldo nasceu em 1175 na pequena cidade de Saint Gilles, sul da França. Desde a infância foi uma criança especial, possuía inteligência acima da média e vocação religiosa. Comunicador nato, se tornou uma figura extremamente carismática e singela, generoso com o próximo mas austero consigo mesmo.
Com estas características, ao atingir a idade indicada, foi estudar direito canônico na Universidade de Paris. Em 1206, recebeu o diploma de doutor, sendo convidado para ser titular da cadeira de direito canônico, cargo que exerceu durante cinco anos. Reginaldo dividia o seu tempo com o trabalho, o estudo, a caridade e a oração contemplativa unida a rígida penitência, alcançando grandes progressos espirituais. Ficou conhecido e se tornou respeitado no meio acadêmico e do clero. Os seus contemporâneos registraram que era um gigante durante os sermões, ardoroso e veemente, adquiria um brilho especial, fazendo com que a presença de Deus fosse sentida no ambiente e o no coração dos ouvintes.
No início de 1212, Reginaldo aceitou ser o decano e canônico na diocese da cidade francesa de Orléans. Sempre humilde, continuou cativando os fiéis com sua oratória. Depois de seis anos, desejando definir em que Ordem deveria ingressar, aceitou acompanhar o bispo de Orléans em sua peregrinação à Roma com destino à Terra Santa.
No Vaticano, Reginaldo ficou sabendo sobre uma Ordem recém-criada, para a formação de padres predicantes, cujo fundador, o padre Domingos de Guzmán, tinha fama de santidade, sendo hoje venerado pela Igreja. Embora interessado decidiu seguir para Jerusalém, mas logo regressou pois ficou gravemente doente. Apesar de desenganado, milagrosamente foi curado pela intercessão de Nossa Senhora, que lhe apareceu e mostrou um hábito.
Reginaldo percebeu que se tratava da Ordem dos Padres Predicadores, indo procurar o seu fundador, que o aceitou e lhe deu a primeira missão a ser executada em Bolonha, Itália. Como grande predicador que era, inflamou os ânimos de seus ouvintes, despertando as vocações e induzindo muitos a ingressarem na nova congregação. De modo que, o edifício da comunidade, em Santa Maria de Mascarela, se tornou pequeno e tiveram de se transferir para o outro convento, na propriedade rural de São Nicolau, não muito distante.
Pelos resultados fantásticos e devido ao sucesso obtido em Bolonha, no final de 1219, ele recebeu a tarefa de ir a Paris, para impulsionar aquela comunidade. O sucesso se repetiu, pois ali também a sua palestra entusiasmada exerceu um fascínio irresistível.
No dia 12 de fevereiro de 1220, morreu serenamente após ter abraçado a vida dos apóstolos. Foi sepultado na Catedral de Notre-Dame des Champs, na atual Suíça. Entretanto o seu corpo desapareceu durante a revolução do final do Século XVIII. O seu culto foi confirmado e mantido no dia de sua morte, pelo Papa Pio IX em 1875, que beatificou Reginaldo de Orléans, como se tornou conhecido entre os dominicanos.

Ver também:

Fonte:
http://alexandrinabalasar.free.fr/reginaldo_de_Orléans.htm

São Severino, Abade (+ 507), 11 de Fevereiro

São Severino nasceu na Borgonha (França), por volta da metade do Século V, época em que o arianismo reinava em sua pátria; contudo, seus pais conseguiram criá-lo na fé católica. 
Ainda muito jovem, sem conhecer os perigos do mundo, Severino consagrou-se a Deus no Mosteiro de Saint-Maurice en Valais, do qual tornou-se abade, dirigindo-o durante vários anos com sabedoria e prudência.
O rei Clóvis, informado de que um grande número de doentes recuperavam a saúde todos os dias graças à virtude das orações de Severino, mandou que o buscassem, em 504, para alcançar a cura de uma febre da qual nem os mais hábeis médicos haviam conseguido livrá-lo. O santo partiu, após ter se despedido de seus irmãos monges, aos quais anunciou que não tornariam a revê-lo.
Em Nevers, Severino curou Eulalius, bispo daquela cidade, que havia ficado surdo e mudo. Devolveu a saúde a um leproso que encontrou na entrada de Paris.
Chegando diante do rei Clóvis, cobriu-o com seu hábito e logo a febre o deixou. O soberano, então, num gesto de agradecimento a Deus, distribuiu aos pobres uma grande soma de dinheiro em esmolas e colocou todos os prisioneiros em liberdade (práticas daquela época, de acordo com a realidade de então – N.T.).
Severino, julgando que sua presença não era mais necessária em Paris, retomou o caminho de seu mosteiro. Decidiu parar em Chateau-Landon, que então pertencia à diocese de Sens, onde dois santos sacerdotes serviam a Deus num pequeno oratório. Severino pediu-lhes que o acolhessem ali e, após ter auxiliado na edificação dos dois santos homens com a graça das suas virtudes, ele morreu em 507.
Há em Paris uma igreja paroquial dedicada a São Severino.
Vidas dos Santos, Mame.
Tradução e Adaptação:
Gisèle do Prado
giseledoprado70@gmail.com

Ver também :

Fontes:
http://www.levangileauquotidien.org/main.php?language=FR&module=santofeast&localdate=20110211&id=13763&fd=0

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Beato Aloysius Stepinac, Bispo de Zagreb, Mártir (1898-1960), 10 de Fevereiro

Alojzije Viktor Stepinac (Brezarić kraj Krašića, 8 de Maio de 1898 — Krašić, 10 de fevereiro de 1960) foi um arcebispo e cardeal croata, venerado como beato pela Igreja Católica.

Biografia
Stepinac era o quinto de nove filhos do segundo casamento de seu pai, Josip, com Bárbara Penic, com quem se casara tão logo lhe falecera a primeira esposa, Marija Matko, com quem já havia tido três filhos. Fez os primeiros estudos na escola local e o secundário em Zagreb, ao término do sexto ano ingressou no liceu da arquidiocese com o intento de ordenar-se sacerdote.
Durante a Primeira Guerra Mundial foi convocado e serviu como tenente na frente italiana comandando uma unidade de bósnios. Nesta ocasião caiu prisioneiro sendo recolhido ao campo de prisioneiros de Mestre, em Veneza, até 6 de dezembro de 1918. Algum tempo após o final da I Guerra Mundial ingressou na Pontifícia Universidade Gregoriana, onde terminou os seus estudos de filosofia e teologia com dois doutorados. Foi ordenado sacerdote em Roma em 26 de outubro de 1930 e designado sacerdote em Zagreb.
Trabalhou auxiliando o arcebispado na Catedral de Zagreb, foi administrador temporário das paróquias de Samobor e de São João de Zelina. Foi nomeado arcebispo-coadjutor de Zagreb e titular de Nicopsis em 24 de junho de 1934, na época o jornal L'Osservatore Romano o dava como o bispo mais novo do mundo.
Em 7 de dezembro de 1937 assumiu a direção da diocese de Zagreb da qual permaneceu titular até a sua morte em 1960. Foi nomeado Cardeal em 12 de janeiro de 1953 pelo Papa Pio XII. A sua nomeação como cardeal fez com que o governo de Tito rompesse relações com o Vaticano. Foi impedido pelo governo comunista local de participar do conclave de 1958.
Anteriormente, durante a Segunda Guerra Mundial, Stepinac multiplicou suas iniciativas em favor dos perseguidos. Em 1941, durante a ocupação alemã, foi proclamado o Estado independente da Croácia. No princípio, o arcebispo acolheu favoravelmente o novo governo, confiava em que se asseguraria os direitos dos cidadãos e a soberania nacional. Mas logo se desenganou, quando começaram as perseguições contra as minorias.
Ainda em abril de 1941, apresentou ao Ministério do Interior um protesto formal contra as primeiras leis racistas que proibiam os casamentos mistos. Em maio apresentou um protesto diretamente ao presidente da Croácia, Ante Pavelic, contra a perseguição dos sérvios ortodoxos. Em julho voltou a escrever-lhe de protesto. Em 16 de outubro pronunciou-se abertamente contra as leis racistas do alto do púlpito da Catedral de Zagreb exigindo o fim das perseguições raciais e religiosas.
Anos mais tarde, em 1959, Stepinac enviou uma carta ao governo iugoslavo na qual fazia constar os maus tratos que estava submetido, onde concluía: "Eu, com a graça de Deus, seguirei adiante até o final, sem odiar a ninguém, mas sem temer a ninguém." Falecido em 10 de fevereiro de 1960, teve as vísceras do seu cadáver destruídas para que se evitasse encontrar provas de envenenamento. Em 1996, seus restos mortais foram exumados e analisados, sendo encontrados vestígios de veneno nos seus ossos. Por este motivo, foi declarado mártir em 11 de outubro de 1997.[1]
Por ocasião de seu falecimento o Papa João XXIII celebrou, pessoalmente, em 17 de fevereiro de 1960, a missa em seu sufrágio na Basílica de São Pedro em Roma. Na homilia disse: “Era muito querida à nossa alma esta figura simples e insigne de pai e pastor da igreja de Deus; sua grande tribulação de quinze anos de desterro na sua mesma pátria e a dignidade serena e confiada de seu contínuo sofrimento lhe há granjeado a admiração e a veneração universal.”[2]
O Parlamento Croata, em 1992, após o fim do comunismo iugoslavo, decidiu reabilitar a sua memória declarando que: "Foi condenado, apesar de inocente, porque havia se recusado a realizar o cisma eclesial que lhe haviam ordenado os governantes comunistas" e "porque atuou contra a violência e os crimes dos governantes comunistas, como havia feito durante a II Guerra Mundial para proteger aos perseguidos, com independência da origem étnica e das convicções religiosas.”[1]
O cardeal Ângelo Sodano, ao fazer a homilia da celebração eucarística dos 40 anos da sua morte na Igreja de São Jerônimo dos Croatas, afirmou: "Com a sua profunda formação cristã, não se deixou abater nem mesmo quando em outubro de 1946 chegou à dura condenação a dezesseis anos de trabalhos forçados. Por ser fiel à sua missão de pai e pastor do seu povo, o Arcebispo de Zagreb havia condenado com a sua célebre carta pastoral de 20 de novembro de 1945, o assassinato de 243 padres católicos, a expropriação dos bens eclesiásticos, as graves restrições infligidas a atividade da Igreja. Paralelamente, com o seu profundo sentido eclesial, tinha afastado todas as solicitações para dar vida a uma igreja nacional separada de Roma. Ao contrário, em muitas ocasiões o venerado cardeal Kuharic afirmou que foi isto o principal motivo da sua condenação, o ter-se recusado a dar vida a uma pseudo-igreja nacional croata. Por isto, ainda, o Arcebispo emérito de Zagreb, cardeal Stepinac pode ser justamente considerado como um mártir da unidade da Igreja." (...) "Com intrépida fortaleza, ele sentia-se assim animado a continuar a sua missão, assim como havia feito nos primeiros anos do episcopado, de 1934 seguidamente, assim como fez durante a ocupação nazista, condenando abertamente a violação dos direitos humanos perpetrada contra os hebreus, os romenos, os sérvios e os eslovenos."[3]

Beatificação
O cardeal Stepinac foi beatificado em 3 de outubro de 1998 pelo Papa João Paulo II, no Santuário mariano de Marija Bistrica, durante uma visita a Banja Luka, na Bósnia. É considerado pela Igreja Católica um mártir perseguido pelo então regime comunista iugoslavo de Tito.
Na cerimônia de beatificação dele disse João Paulo II: O Beato Alojzije Stepinac não derramou o sangue no sentido estrito da palavra. A sua morte foi causada pelos longos sofrimentos a que o submeteram: os últimos 15 anos da sua vida foram um contínuo suceder-se de vexações, no meio das quais expôs com coragem a própria vida, para testemunhar o Evangelho e a unidade da Igreja. Para usar as próprias palavras do Salmo, ele pôs nas mãos de Deus a sua própria vida (cf. Sl 16[15], 5). ... O Cardeal Arcebispo de Zagrábia, uma das figuras mais salientes da Igreja católica, depois de ter sofrido no próprio corpo e na própria alma as atrocidades do sistema comunista, é agora entregue à memória dos seus compatriotas com as fúlgidas insígnias do martírio. [4]
Em 4 de outubro em Salona, num encontro com catequistas e representantes dos movimentos eclesiais disse sobre o novo Beato: "Um exemplo extraordinário de testemunho cristão foi oferecido pelo Beato Alojzije Stepinac. Ele cumpriu a missão de evangelizador sobretudo sofrendo pela Igreja, e selou a sua mensagem de fé com a morte. Preferiu o cárcere à liberdade, para defender a liberdade da Igreja e a sua unidade. Não teve medo das cadeias, para que não fosse acorrentada a palavra do Evangelho."[5]
Em audiência de 7 de outubro de 1998 João Paulo II voltou a se referir a ele: "In Te, Domine, speravi": era este o lema do Cardeal Alojzije Stepinac, junto de cujo túmulo me detive em oração logo que cheguei a Zagreb. Na sua figura sintetiza-se a inteira tragédia que atingiu a Europa no decurso deste século, marcado pelos grandes males do fascismo, do nazismo e do comunismo. Nele refulge em plenitude a resposta católica: fé em Deus, respeito pelo homem, amor para com todos confirmado no perdão, unidade com a Igreja guiada pelo Sucessor de Pedro.
A causa da perseguição e do ridículo processo contra ele foi a firme rejeição, por ele oposta, às insistências do regime para que se separasse do Papa e da Sé Apostólica e se constituísse chefe de uma «igreja nacional croata». Ele preferiu permanecer fiel ao Sucessor de Pedro. Por isto foi caluniado e depois condenado. Na sua beatificação reconhecemos a vitória do Evangelho de Cristo sobre as ideologias totalitárias; a vitória dos direitos de Deus e da consciência sobre a violência e a prepotência; a vitória do perdão e da reconciliação sobre o ódio e a vingança. O Beato Stepinac constitui assim o símbolo da Croácia que quer perdoar e reconciliar-se, purificando a memória do rancor e vencendo o mal com o bem.[6]

Citações
Stepinac foi citado por João Paulo II quando de sua viagem à Croácia em outubro de 1998:
§   " (...) recomendava aos jovens do seu tempo: ‘Estai atentos a vós próprios e continuai a maturar, porque sem pessoas maduras e sólidas do ponto de vista moral nada se faz. Os maiores patriotas não são aqueles que mais gritam, mas os que cumprem a lei de Deus de maneira mais conscienciosa’." (Homilias, Discursos, Mensagens, Zagreb 1996, pág. 97)[7]
§   "Nunca percais o vosso entusiasmo juvenil, alimentado por uma profunda relação com Deus. A este propósito, o próprio Cardeal Stepinac recomendava aos sacerdotes: ‘Afastai da nossa juventude, como a peste, qualquer forma de pusilanimidade, porque é indigna dos católicos, os quais se podem orgulhar dum nome tão grande, que é o nome do nosso Deus’. " (Cartas da Prisão, Zagreb 1998, pág. 310) [8]

 

Representações nas Artes

Coci Michieli realizou um filme sobre a sua vida em 1954.

 

Polêmicas

Stepinac é apontado por alguns críticos como “sendo do regime Ustaše”,[9] liderado por Ante Pavelić, que promoveu o assassinato de centenas de milhares de não-croatas (sérvios, ciganos, judeus etc.). Todavia esta informação é desmentida pelo filósofo judeu Alain Finkielkraut, professor na École polytechnique. Ele afirma, no jornal Le Monde  de 7 de outubro de 1998, que as acusações contra o cardeal Stepinac de haver colaborado com o regime ustaše são falsas. Para ter ciência disto, basta ter em conta o que dizem historiadores anglo-saxões e os próprios judeus da Croácia:"Tais informações permitem saber que, desde abril de 1941, o arcebispo de Zagreb protestou contra a legislação antissérvia e antijudaica promulgada pelo regime; que organizou a fuga de crianças judias para a Hungria e para a Palestina; que escondeu muitos outros e que suas homilias eram bastante audaciosas para ser recolhidas e difundidas pela rádio de Londres."[10]
Já o escritor Avro Manhattan, em seu controverso livro "O Holocausto do Vaticano", acusa Stepinac de [11] de “colaborar com a Ustaše, supostamente aprovando conversões forçadas ao catolicismo e assassinatos” e que “Stepinac teria sido morto posteriormente na ditadura comunista de Tito, pela posição anticomunista do Vaticano”. Manhattan, porém, é considerado um autor anticatólico,[12] ignorado largamente pela comunidade acadêmica[12], acusado de ter utilizado fontes falsas em seu livro.[12]

 

Referências

1.      a b Aceprensa (em castelhano). Visitado em 12.11.2008
2.      Homilia do Papa João XXIII nas exéquias do cardeal Stepinac
3.      Homilia do Cardeal Angelo Sodano (em italiano)., na igreja de São Jerônimo dos Croatas em honra do beato Cardeal Alojzije Stepinac (10 de Fevereiro de 2000) ns. 2 e 3
4.      [1] Homilia de João Paulo II na Missa de Beatificação do Cardeal Stepinac - visitado em 16.10.2007
6.      Referências feitas por João Paulo II visitado em 16 de outubro de 2007
7.      Encontro de João Paulo II com a população e com os jovens." Zagrábria, 2 de Outubro de 1998
8.      Ibdem
9.      cúmplice
10.  Alain Finkielkraut no Le Monde (7-X-98) transcrito no sítio da Embaixada da Croácia na França
12.  a b c Autores e seus Escândalos (em inglês: Authors and Scandals). Cápitulo 19. 1987. Pág.: 178. Editora Ática.


Bibliografia


Ligações externas

O Commons possui multimídias sobre Aloysius Stepinac

Ver também :

Fontes:
http://alexandrinabalasar.free.fr/luis_stepinac.htm