sábado, 19 de setembro de 2009

Beato Maximino Giraud, Vidente de Nossa Senhora da Salette (França), 20 de Setembro




Maximino Giraud nasceu em Corps, aos 26 de agosto de 1835. Sua mãe, Ana Maria Templier, é originária da região. Seu pai, Germano Giraud, é proveniente de uma região próxima. Maximino tinha dezessete meses quando sua mãe morreu, deixando também uma menina de oito anos, Angélica. Pouco depois, o Sr. Giraud casa novamente.

Maximino foi crescendo sem rumo. O pai, armador de carroças, vivia na oficina ou no botequim. Sua esposa não tinha afeição alguma pelo garoto, que era muito vivo, mas descuidado. Ele não conseguia parar em casa, vivia perambulando nas ruas de Corps, atrás das diligências e carroças, ou andando pelas estradas com uma cabra e um cão. O garoto é muito arteiro, com um olhar vivo sob uma negra cabeleira desgrenhada, e uma língua muito solta...

Durante a Aparição, enquanto a Bela Senhora se dirigia a Melânia, girava o chapéu no alto do cajado, ou, com outra ponta deste, brincava com as pedrinhas do solo em torno dos pés da Bela Senhora. "Nenhuma a tocou!", respondeu ele, espontaneamente, a seus inquiridores. Era cordial, desde que se sentisse amado, porém sabia ser malicioso quando alguém implicava com ele.

Sua adolescência foi difícil. Nos três anos seguintes à Aparição, perdeu seu meio-irmão João Francisco, a madrasta Maria Court, e seu pai, o carpinteiro Geraud. Foi posto sob a tutela do irmão de sua mãe, o Tio Templier, um homem rude e interesseiro. Na escola, sua evolução nos estudos era regular. A Irmã Santa Tecla, que o acompanha de perto, chamava-o de "a eterna agitação". Acrescentem-se a isso as pressões exercidas pelos peregrinos e curiosos.

Nessas circunstâncias, alguns legitimistas (partidários da monarquia), ligados a um pretenso filho de Luís XVI, queriam manipulá-lo para fins políticos. Maximino, numa atitude de defesa, procurou ludibriá-los. Contra os conselhos do Pároco de Corps e desrespeitando a interdição do Bispo de Grenoble, os legitimistas conduziram o adolescente à diocese de Ars. Maximino não gostava da companhia deles, mas aproveitou a ocasião para conhecer este local. Foram recebidos pelo imprevisível Padre Raimundo que, logo de início, tratou o fato de La Salette como trapaça, e os videntes como mentirosos.

Durante a manhã de 25 de setembro de 1850, o Cura d'Ars encontrou-se por duas vezes com Maximino, uma na sacristia, e outra no confessionário, mas sem confissão. Que poderá ter-lhe contado esse adolescente exasperado? O resultado é que, durante anos, o santo Cura d'Ars duvidou e sofreu. Demorou alguns anos para ele mesmo aceitar o fato e reencontrar a paz. Quanto a Maximino, mesmo afirmando que jamais se desmentiu, teve muitas dificuldades em justificar seu comportamento. Basta enumerar os locais por onde passou para se avaliar a que ponto o jovem Maximino viveu de cá para lá: do seminário menor de Grenoble (Le Rondeau) à Grance Chartreuse, do tratamento médico em Seyssin a Roma, de Dax a Aire-sur-Adour a Vésinet, depois do colégio de Tonnerre a Petit Jouy em Josas perto de Versailles e a Paris.
Seminarista, empregado num asilo, estudante de medicina falhando ao bacharelado, trabalha numa farmácia, engaja-se como guarda-pontíficio, rescindindo o contrato após seis meses e voltando a Paris. O jornal "La Vie Parisienne" (“A Vida Parisiense”) atacou La Salette e os dois videntes.
Maximino apresentou queixa e obteve uma retificação. Em 1866 publicou um opúsculo: "Minha profissão de fé a respeito da Aparição de Nossa Senhora de La Salette". Nesse período, o Sr. e a Sra. Jourdain, um casal devotado ao serviço de Maximino, assegura-lhe certa estabilidade e paga suas dívidas a ponto de se arruinar. Maximino aceita, então, associar-se a um comerciante de licores que faz uso de sua notoriedade para aumentar a venda de seus produtos. O imprevidente Maximino não encontra ali satisfação. Em 1870 foi mobilizado a servir no Forte Barrau, em Grenoble. Por fim, volta a Corps, onde o casal Jourdain vem a seu encontro. Os três vivem pobremente, ajudados pelos padres do Santuário, com a aprovação do Bispado.
Em novembro de 1874, Maximino sobe ao local de peregrinação de La Salette. Diante de um auditório particularmente atento e comovido, apresenta a narrativa da Aparição como o fizera desde o primeiro dia. Será a última vez. A 2 de fevereiro de 1875, vai igualmente pela última vez, à Igreja Paroquial. Na tarde de 1º de março, Maximino se confessa, recebe a Eucaristia bebendo um pouco de água de La Salette para engolir a hóstia. Cinco minutos mais tarde entrega sua alma a Deus. Não completara quarenta anos ainda. Seus restos mortais repousam no cemitério de Corps, mas seu coração se encontra na Basílica de La Salette, perto do teclado do órgão. Era sua última vontade, para assim marcar seu apego à Aparição: "Creio firmemente, mesmo a preço de meu sangue, na célebre aparição da Santíssima Virgem sobre a Montanha de La Salette, a 19 de setembro de 1846. Aparição que defendi por palavras, por escritos e por sofrimentos... Com este sentimento dou aqui meu coração a Nossa Senhora de La Salette".
A 19 de setembro de 1855, Dom Ginoulhiac, novo Bispo de Grenoble, assim resumia a situação: "A missão dos pastores chegou ao fim, a da Igreja começa". Inúmeros são hoje os homens e mulheres de todas as raças e países, que encontraram na mensagem de Nossa Senhora de la Salette o caminho da conversão, o aprofundamento da própria fé, o dinamismo para a vida quotidiana, as razões do próprio engajamento com e no Cristo a serviço dos outros.

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