segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Santa Gertrudes, 16 de novembro



A vida de Gertrudes (1256-1302) não pôde ser exteriormente mais simples. Aos 5 anos, foi confiada ao mosteiro de Helfta (na Saxônia), sem que conheçamos nada sobre sua família. No mosteiro permaneceu até sua morte, dedicando sua vida à oração, ao estudo e a copiar manuscritos.
“Toda a beleza nascia do interior”, como diz da esposa o Cântico dos Cânticos. Em 27 de janeiro de 1281 – tinha então 25 anos – teve a primeira visão, que a introduzia na vida mística. Esta iniciação foi um encontro pessoal com Cristo, e as “revelações” que se seguiram não foram mais do que desenvolver a graça dessa “conversão”. Sua espiritualidade é, pois, todas cristocêntrica. Nisto se distingue claramente da escola mística renana, mais abstrata e tendente ao panteísmo.
A união com Cristo vivo constitui a essência de suas aspirações e de suas experiências místicas. Este amor tão próximo à humanidade de Cristo levou-a a descobrir a devoção ao Sagrado Coração, constituindo-se numa das iniciadoras de seu culto. Mas para ela o coração significa “toda a pessoa do Verbo feio carne, que o desejo de união leva a atingir no seu coração, onde se encerra toda a virtude da divindade; o último e completo gesto de amor de Jesus é ter querido que o golpe da lança abrisse a entrada de nosso amor até ele”.
Fato quase único na história da espiritualidade é que no mesmo mosteiro e rigorosamente contemporânea de Gertrudes vivesse outra das grandes místicas alemãs: Santa Matilde (1241-1298). Unidas por profunda amizade e em contínuo intercâmbio de suas experiências místicas, Matilde nos deixou uma luminosa definição do segredo da vida espiritual de Gertrudes: se ela chegou aos mais altos cumes da contemplação e da caridade, deveu-o a sua “liberdade de coração”, isto é, a essa qualidade que a dispunha a não permitir que nenhum objeto se convertesse em obstáculo a seu ímpeto de união com Deus.
Enquanto se cantava a antífona, que começa por estas palavras: Em meu leito etc., na qual se repetem quatro vezes as palavras ‘a quem minha alma amar’, ela refletia sobre quatro maneiras diferentes com que a alma fiel pode buscar a Deus.
Nas primeiras palavras da antífona: ‘Busquei em meu leito durante as trevas da noite àquele que ama minha alma’ (Cant. 3), conheceu a primeira via de buscar a Deus, nos louvores que se lhe dão no leito sagrado da contemplação. É por isto que se seguem imediatamente estas palavras: ‘Busquei-o e não o encontrei’, porque a alma, nesta carne mortal, não pode jamais louvar a Deus plenamente. Terminada a antífona, sentiu seu coração poderosamente tocado por todas as doçuras com que misericórdia divina a tinha cumulado durante este tempo... de forma que, ressentidas todas as partes de seu corpo, pensava ter perdido todas as forças. Então disse a Deus: ‘Creio que agora posso dizer-vos com verdade: Meu amado, não somente minhas entranhas, mas todas as partes de meu corpo se estremecem de emoção por Vós’” (Vida e revelações de Santa Gertrudes, cap. XII).

(Cf PALACÍN S.J., Carlos; PISANESCHI, Nilo. Santo nosso de cada dia, rogai por nós!, São Paulo: Loyola, 1991)

Fontes:
http://www.puc-rio.br/campus/servicos/pastoral/santo_novembro.html

http://www.magnificat.ca/cal/gifs/1116.jpg 

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