quarta-feira, 17 de setembro de 2008

São José de Cupertino, Irmão Menor, Místico, Conventual (+1663), 18 de Setembro


Padroeiro dos Aviadores
São José de Cupertino em oração. Ele era chamado de "Irmão Voador" devido às suas freqüentes levitações.

São José de Cupertino (1603-1663) foi um místico italiano cuja vida é uma maravilhosa combinação de uma completa falta de capacidade natural e de uma extraordinária eficácia sobrenatural. Ele não possuía dom natural algum. Era incapaz de fazer um teste, de manter uma conversa, de cuidar de uma casa, ou até mesmo de tocar num prato sem quebrá-lo. Era chamado por seus companheiros no mosteiro de “Irmão Burro”.
Ele nasceu em 17 de junho de 1603, numa família de artesãos muito pobres. Em virtude das dívidas do seu pai, José de Cupertino nasceu numa cabana atrás da casa, que estava nas mãos dos oficiais de justiça. Ele tinha a saúde frágil, muitas vezes esteve às portas da morte durante sua infância. Aos sete anos, desenvolveu uma úlcera gangrenosa da qual, posteriormente, foi curado por um religioso. José sempre foi desprezado por seus companheiros, que lhe chamavam de tolo. Mesmo sua mãe fatigou-se dele e repudiou-o como se ele não tivesse qualquer valor humano.
Mais tarde, ao entrar para a vida religiosa, ele enfrentou dificuldades ainda piores. Os Capuchinhos o receberam como um irmão leigo, mas a sua inaptidão e abstração o faziam insuportável aos outros religiosos. Muitas vezes ele levitou em êxtase e, alheio ao que estava fazendo, ele largava os alimentos ou quebrava os pratos e bandejas. Como penitência, pedaços de pratos quebrados eram atados ao seu hábito como uma forma de humilhação e um lembrete para não tornar a fazer o mesmo. Mas ele não mudaria. Nem mesmo se podia pedir a José que servisse o pão, pois ele não saberia a diferença entre os pães branco e preto.
Finalmente, considerando-se que José era bom para nada, retiraram-lhe o direito de usar seu hábito e o expulsaram do mosteiro. Mais tarde, ele declarou que o fato de lhe terem tomado o hábito foi o maior sofrimento de sua vida, pois foi como se sua pele tivesse sido arrancada do seu corpo.
Quando José deixou o mosteiro havia perdido parte de suas roupas de leigo. Ele estava sem um chapéu, sem botas nem meias, e seu casaco estava surrado e roído pelas traças. Ele apresentava um aspecto tão deplorável que, quando passou por um estábulo, cães lançaram-se sobre ele o deixaram em frangalhos. Ele fugiu e continuou ao longo da estrada, mas logo vieram alguns pastores. Pensando que ele era um meliante, estavam prestes a dar-lhe uma surra, quando um deles apiedou-se de José e persuadiu-os a deixá-lo ir em paz.
Ele foi para a casa de seu tio, que, envergonhado do sobrinho, mandou-o novamente para a rua, sem nada. Chegando à sua cidade natal, foi para a casa de seus pais, onde a sua própria mãe o rejeitou.
Por último, o Superior do Mosteiro de Grottela discerniu a santidade de José e decidiu levá-lo consigo, como um servo. Ele foi designado para cuidar do estábulo, onde tornou-se tratador do jumentinho do mosteiro.
Foi lá que a santidade de S. José de Cupertino começou a ser reconhecida. Ele sempre foi humilde, disposto a servir, e bem-humorado. O Superior decidiu admiti-lo no mosteiro, com esperanças de que ele pudesse aprender o suficiente para ser ordenado sacerdote, mas seu esforço parecia em vão. José não conseguia comentar qualquer passagem das Sagradas Escrituras, exceto uma: "Beato ventre qui Te portavit" (Bendito seja o ventre que Te gerou).
Chegado o tempo do exame para o diaconato, o Bispo abriu o Evangelho ao acaso e os seus olhos caíram sobre um texto que José conhecia bem. Ele foi capaz de expô-lo com sucesso. Um ano mais tarde ocorreram as provas para o sacerdócio. Todos os postulantes, exceto José, estavam muito bem preparados. O Bispo argüiu um determinado número de candidatos, que responderam soberbamente. Supondo que todos estavam no mesmo nível intelectual, o Bispo aprovou a todos, sem argüir o restante. José estava entre os candidatos que não foram argüidos. Então, em 4 de março de 1628, José tornou-se sacerdote aos 25 anos de idade, apesar de suas limitações e da opinião das pessoas. 
Durante este período de sua vida, as consolações espirituais que ele havia experimentado desde a infância o abandonaram. Mais tarde, ele escreveu a um amigo sobre esse momento difícil: "Eu me queixei muito a Deus sobre Deus. Eu tinha deixado tudo por Ele, e Ele, ao invés de me consolar, entregou-me a uma angústia mortal." 
Ele continuou: “Um dia, quando eu estava chorando e gemendo na minha cela, um religioso bateu à minha porta. Eu não respondi, mas mesmo assim ele entrou meu quarto e disse: ‘Irmão José, como vai?’‘Estou aqui para servi-lo’, eu respondi.‘Eu pensei que você não tinha um hábito’, continuou ele.‘Sim, eu tenho um, mas está ‘caindo aos pedaços’’, respondi. Então, o religioso desconhecido deu-me um hábito novo, e quando eu o vesti, todo o meu desespero imediatamente desapareceu. Nunca ninguém soube dizer que era esse religioso".
A partir deste momento, a vida de São José de Cupertino mudou. Ele se tornou famoso por seus êxtases, milagres, e pelo dom da levitação, relatado por inúmeras testemunhas. Ele vivenciou isso tantas vezes que se tornou conhecido como “Frade Voador”. Ele começou a atrair tantos peregrinos ao mosteiro que seus superiores tiveram que transferi-lo para outro mosteiro, a fim de evitar a comoção popular. Finalmente José chegou em Osimo, em 1657, onde continuou a viver, diariamente, as manifestações sobrenaturais das graças de Deus. São José de Cupertino morreu em 18 de setembro de 1663, aos 60 anos de idade.

Autor:
Prof. Plinio Correa de Oliveira

Tradução e Adaptação:
Gisèle Pimentel
gisele.pimentel@gmail.com

Fonte:

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