domingo, 21 de setembro de 2008

São Tomás de Villanova, Arcebispo de Valência, Espanha, 22 de Setembro



São Tomás de Villanova menino reparte suas roupas, Murillo, 1670
Murillo representa o santo quando menino, repartindo suas roupas finas entre os quatro pequenos mendigos que o rodeiam, assinalando a virtude da caridade que distinguia o santo desde a infância. O santo veste uma camisa e calças que já estão desabotoadas, enquanto dois dos mendigos provam, felizes, seu gibão e sua capa.

(1488-1555) Nascido numa família piedosa da burguesia espanhola, Tomás foi criado em Villanueva, Espanha, donde vem seu nome de Villanova. Seus pais, muito virtuosos e caridosos, o iniciaram muito cedo na prática da piedade e da generosidade para com os pobres, os doentes e os desafortunados.
Na escola, Tomás oferecia seu almoço às crianças pobres e, às vezes, ele lhes dava suas próprias roupas para protegê-las do frio. Mais de uma vez ele foi visto retornando à casa sem colete, sem chapéu e sem sapatos. Tendo recebido uma roupa nova aos sete anos de idade, ele a deu a uma criança que estava semi-nua. Freqüentemente ele pedia permissão à sua mãe para não jantar para que a sua parte fosse servida a um indigente. Ele empregava o dinheiro que recebia de seus pais na compra de ovos e os levava aos doentes hospitalizados.
Após terminar brilhantemente seus estudos na Universidade de Alcala, Tomás foi nomeado Professor em Filosofia Moral no Colégio Santo Ildefonso, e depois Professor de Teologia na Universidade de Salamanca. Seu pai morreu pouco tempo depois, e Tomás decidiu empregar toda a sua fortuna no cuidado com os pobres, transformando sua casa em hospital, reservando apenas o necessário para os cuidados com sua mãe. Aos trinta anos, no dia da Apresentação de Nossa Senhora, ele entrou para os Eremitas de Santo Agostinho de Salamanca. Quase na mesma época de sua admissão nesta Ordem, Lutero a deixava e consumava sua apostasia.
Ardente pregador, o zelo de Tomás "virava de cabeça para baixo" a cidade de Salamanca. O santo empregava toda a sua eloqüência em seus sermões ao pé da Cruz: "Na oração", dizia ele, "formam-se as flechas que devem transpassar os corações dos ouvintes." As maiores cidades da Espanha se disputavam para ouvi-lo. A corte de Carlos Quinto o escutava com admiração e o rei o nomeou seu pregador ordinário e conselheiro. Ele nutria uma tão grande estima pelo religioso que não conseguia lhe recusar coisa alguma. O imperador havia recusado sua graça ao arcebispo de Toledo, bem como a outros personagens eminentes, até mesmo ao seu próprio filho, mas acabou concedendo-lhes este favor a pedido de São Tomásde Villanova. 
O santo religioso tornou-se, sucessivamente, prior das casas de Salamanca, de Burgos, de Valladolid, provincial de Andaluzia e de Castilha. Foi ele quem enviou os primeiros Agostinianos para o México. Ele recomendava sobretudo quatro coisas aos seus religiosos: em primeiro lugar, a celebração devota e atenta dos ofícios divinos. Em segundo lugar, a leitura espiritual e a meditação feitas com assiduidade. Em terceiro lugar, a união da caridade fraterna. E, por fim, a fuga à preguiça, que é um grande obstáculo à virtude. Nomeado arcebispo de Granada, ele recusou categoricamente esta honraria.
Dez anos mais tarde, em 1544, Carlos Quinto o designou para o bispado de Valência, ao qual ele foi obrigado a aceitar em nome da obediência e sob pena de excomunhão. São Tomás, aos prantos, deixou sua cela e pôs-se a caminho a pé, vestido com um hábito monástico bastante desgastado, e assim entrou na sua cidade episcopal. No momento da sua chegada, a chuva caía torrencialmente após um longo período de seca,bendita pancada de chuva que era como um presságio das graças que ele trazia às suas ovelhas. 
Vendo-o assim tão pobre, seus superiores lhe presentearam com quatro mil ducados para o seu mobiliário. São Tomás de Villanova os distribuiu em esmolas. Ele começou a reforma da sua diocese pelo exemplo de sua vida de penitência e oração. Durante toda a sua existência, ele observou os jejuns da sua Ordem e os da Igreja, a pão e água. Ele dormia sobre ramos disfarçados sob uma cobertura de lã. A maior parte de seus rendimentos ele aplicava em boas obras. Apelidaram-no de "Capelão", por causa das incalculáveis obras de caridade que ele não cessava de fazer.
Três dias antes de sua morte, este santo pastor fez com que distribuíssem aos pobres tudo o que lhe restava de dinheiro e doou seus móveis ao Colégio de Valência. Como ele ainda era proprietário do leito onde jazia doente, ele o destinou ao carcereiro da cidade, rogando-lhe apenas de emprestá-lo até o momento de sua morte.
São Tomás de Villanova começou a recitação do Salmo: "In Te, Domine, spéravi." Proferido até o versículo: "In manus Tuas, Domine, commendo spiritum meum", o santo arcebispo expirou docemente. Ele rendeu sua alma a Deus no décimo primeiro ano do seu episcopado, com a idade de sessenta e sete anos. Suas relíquias encontram-se em Valência. (Resumo)

Tradução e Adaptação:
Gisèle Pimentel
gisele.pimentel@gmail.com

Fonte:
http://www.artehistoria.jcyl.es/artesp/obras/10707.htm

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